Diante da crescente deterioração das relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos, as Forças Armadas brasileiras manifestaram preocupação com a possibilidade de serem excluídas do programa Vendas Militares para o Exterior (FMS). Tal decisão poderia afetar diretamente projetos estratégicos em andamento, incluindo aquisições importantes para o Exército Brasileiro, como a incorporação dos helicópteros UH-60M Black Hawk e dos mísseis antitanque FGM-148F Javelin, ambos considerados essenciais para a modernização de suas capacidades.
O programa Vendas Militares para o Exterior (FMS), criado e promovido pelo governo dos Estados Unidos, é uma ferramenta de política externa destinada a fortalecer a indústria de defesa, melhorar a interoperabilidade com aliados e contribuir para a estabilidade global. Por meio desse mecanismo, os EUA facilitam a transferência de equipamentos novos ou usados a preços mais competitivos do que os do mercado internacional, além de fornecer acesso a sistemas de última geração. O Brasil, como parceiro de longa data, tem utilizado esse esquema para incorporar desde aeronaves de transporte, sistemas de comunicação e inteligência até armamento avançado e capacidades navais.

No entanto, um dos critérios para a suspensão da participação no FMS é uma mudança no status das relações diplomáticas entre os países envolvidos. A atual crise diplomática entre os governos Lula da Silva e Donald Trump pode afetar significativamente a continuidade da participação do Brasil no programa. Oficiais militares alertam que uma possível exclusão teria consequências críticas, comprometendo até mesmo a capacidade de manter em serviço equipamentos que dependem de componentes fabricados nos EUA.
Acontecimentos recentes refletem a importância desse mecanismo para o Brasil. Em 2022, o Departamento de Estado autorizou a possível venda de até 222 mísseis FGM-148 Javelin, juntamente com 33 unidades de disparo e amplo apoio logístico, por um valor estimado de US$ 74 milhões. A transação, finalizada com a assinatura da Carta de Oferta e Aceitação (LOA), representou um salto qualitativo na defesa anticarro para o Exército Brasileiro. Soma-se a isso a autorização para a venda de 12 helicópteros UH-60M Black Hawk por US$ 950 milhões, com o objetivo de fortalecer a mobilidade tática da força.
Paralelamente, o esfriamento dos laços bilaterais já se materializou com o cancelamento da participação do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos na Operação Formosa, um dos exercícios militares mais significativos do Brasil. A ausência dos EUA, sem precedentes desde 1988, aliada à não participação da China, criou um cenário diplomático inusitado e reforçou a percepção de isolamento no plano militar internacional.

As Forças Armadas Brasileiras temem que, se essa escalada continuar, o impacto possa ir além do cancelamento de exercícios conjuntos e potencialmente levar a embargos de componentes essenciais. Tal situação comprometeria diretamente as operações da indústria nacional de armamentos, que em muitos casos depende de tecnologia americana para a produção e manutenção de sistemas críticos.
Em conclusão, a possibilidade de o Brasil ser retirado do programa FMS suscita profundas preocupações. Não apenas colocaria em risco aquisições importantes, como helicópteros Black Hawk e mísseis Javelin, mas também afetaria a sustentabilidade da defesa nacional a curto e médio prazo, dado o grande número de sistemas de origem americana nos estoques das Forças Armadas Brasileiras.
*Imagens utilizadas para fins ilustrativos.
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