Como parte de uma estratégia comum baseada no desenvolvimento e na operação de submarinos derivados da classe Scorpène, a Marinha do Brasil e a Marinha da Índia assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) destinado a fortalecer a cooperação técnica e industrial na manutenção dessas unidades. O acordo, firmado em 9 de dezembro, em Brasília, busca otimizar as atividades de sustentação dos submarinos das classes Riachuelo (Brasil) e Kalvari (Índia), consolidando uma parceria que impulsiona a autonomia tecnológica e a eficiência operacional de ambas as forças.

A assinatura do MoU ocorreu durante uma audiência presidida pelo almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha do Brasil, ao lado do chefe do Estado-Maior da Marinha da Índia, almirante Dinesh K. Tripathi, e do capitão de mar e guerra Jagmohan, presidente do conselho de administração e diretor-geral da Mazagon Dock Shipbuilders Ltd., o estaleiro indiano responsável pela construção local dos submarinos Kalvari. Com essa iniciativa, ambas as forças buscam aumentar a eficiência no ciclo de vida de suas unidades, otimizando processos de manutenção e garantindo sua disponibilidade operacional.
O acordo integra os esforços da Marinha do Brasil para consolidar o Programa de Submarinos (PROSUB) e fortalecer sua Base Industrial de Defesa (BID). No caso brasileiro, os submarinos da classe Riachuelo (versão do francês Scorpène) representam um salto qualitativo nas capacidades dissuasórias na região. O PROSUB, desenvolvido em parceria com a França e executado pela Itaguaí Construções Navais, já conta com três submarinos incorporados: Riachuelo, Humaitá e Tonelero, enquanto o quarto e último da série convencional, o Almirante Karam, foi recentemente lançado ao mar. Esses avanços consolidam a capacidade do Brasil de projetar, construir e manter seus próprios submarinos, além de preparar o terreno para o ambicioso desenvolvimento do Álvaro Alberto, o primeiro submarino de propulsão nuclear da América do Sul.

Por sua vez, a Marinha da Índia avança com o bem-sucedido Projeto 75, no âmbito do qual já concluiu a construção de seis submarinos da classe Kalvari. O último deles, o INS Vaghsheer, deverá ser incorporado em breve ao serviço ativo. Paralelamente, o governo da Índia impulsiona o desenvolvimento de um sistema de propulsão independente do ar (AIP) e de um torpedo pesado eletrônico em cooperação com a Naval Group, como parte de seu programa Aatmanirbhar Bharat, voltado a fomentar a autossuficiência tecnológica.
Tanto o PROSUB brasileiro quanto o Projeto 75 indiano são exemplos da transferência de tecnologia e da capacidade de adaptação da engenharia naval em países emergentes. A parceria entre ambas as marinhas reforça não apenas a manutenção eficiente de suas frotas Scorpène, mas também uma visão compartilhada de soberania tecnológica, cooperação Sul-Sul e desenvolvimento de uma indústria naval autônoma, capaz de sustentar operações estratégicas no Atlântico Sul e no oceano Índico.
Imagens utilizadas em caráter ilustrativo.
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