No âmbito da cooperação bilateral entre o Brasil e o Reino Unido, a Marinha do Brasil (MB) oficializou a aquisição do navio de assalto anfíbio HMS Bulwark, recentemente retirado do serviço na Royal Navy. A incorporação desta unidade, que passará a se chamar Navio-Doca Multipropósito (NDM) Oiapoque, representa um marco nos esforços da MB para ampliar sua capacidade de projeção estratégica. Com características e capacidades únicas na região, o navio proporcionará um salto qualitativo para a projeção de forças, ao mesmo tempo em que reforçará os meios disponíveis para operações militares, humanitárias e de assistência em emergências.

O acordo foi formalizado durante a feira Defence & Security Equipment International (DSEI) em Londres, com a assinatura do Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, e, por parte da Royal Navy, do Vice-Almirante Martin Connell. A cerimônia contou ainda com a presença do Comandante da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, além de autoridades civis e militares de ambos os países. Na ocasião, a embaixadora britânica no Brasil, Stephanie Al-Qaq, ressaltou o caráter estratégico da transferência e destacou que o HMS Bulwark constitui um recurso comprovado para responder a crises humanitárias, além de reforçar a cooperação naval entre as duas nações.

Com 176 metros de comprimento, 18.500 toneladas de deslocamento e capacidade para transportar até 710 militares, o HMS Bulwark — futuro NDM Oiapoque — foi projetado para operações anfíbias de grande escala. Seu dique inundável pode acomodar embarcações de desembarque para o transporte de tropas, veículos blindados e material pesado, enquanto seu convoo permite a operação de até dois helicópteros de grande porte. Essas capacidades o tornam um recurso de alto valor tanto para a projeção militar quanto para missões de ajuda humanitária, possibilitando atuar em evacuações aeromédicas, transporte de suprimentos e rápido desdobramento de hospitais de campanha.

O Comandante da Marinha do Brasil, Almirante Olsen, enfatizou que a compra do HMS Bulwark constitui “um passo decisivo na recomposição do núcleo do Poder Naval, assegurando a soberania na Amazônia Azul e consolidando a presença em áreas de interesse estratégico”. O navio, além de reforçar a capacidade dissuasória da força, oferecerá um instrumento versátil para atender emergências decorrentes de fenômenos climáticos extremos, como as enchentes que afetaram São Sebastião em 2023 e o Rio Grande do Sul em 2024.

Atualmente, a embarcação encontra-se em processo de modernização nos estaleiros de Plymouth, Inglaterra, com trabalhos nos sistemas de comando e controle, comunicações e propulsão, cuja conclusão está prevista para 2026. Esse programa permitirá estender sua vida útil por pelo menos duas décadas, garantindo padrões operacionais adequados às necessidades da MB. Como parte do acordo, mais de 90 militares brasileiros receberão instrução especializada no Reino Unido, assegurando uma transição fluida para a plena operacionalidade do navio assim que for incorporado à Esquadra.

O HMS Bulwark possui uma trajetória operacional de destaque na Royal Navy. Participou da evacuação de cidadãos britânicos no Líbano durante o conflito de 2006, em operações de resgate após a erupção do vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, em 2010, e em missões contra a pirataria no Chifre da África em 2011. Em 2015, operando na costa da Líbia, prestou assistência a mais de 2.900 migrantes resgatados no Mediterrâneo, em uma missão que a própria Marinha do Brasil destacou em suas redes sociais como exemplo da vocação humanitária que guiará o futuro NDM Oiapoque.

Com a incorporação do NDM Oiapoque, a Marinha do Brasil consolida uma política de aquisições estratégicas em parceria com o Reino Unido, que já incluiu a transferência do porta-helicópteros HMS Ocean, atualmente em serviço como NAM Atlântico (A-140). Esse novo passo simboliza não apenas a ampliação das capacidades anfíbias e humanitárias da força, mas também o fortalecimento da relação histórica entre as duas marinhas, em um contexto regional que exige contar com meios modernos, versáteis e capazes de projetar poder e solidariedade além das fronteiras nacionais.

Créditos das imagens: Marinha do Brasil.

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