Como parte de sua estratégia para fortalecer suas capacidades de defesa aérea, o Exército Brasileiro incorporou novos sistemas antidrone SCE 0100. Essa tecnologia foi recentemente incorporada ao SISFRON (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), com o objetivo de reforçar a proteção de tropas, infraestrutura estratégica e áreas altamente sensíveis contra a crescente ameaça de drones hostis.
O SCE 0100, desenvolvido pela empresa brasileira IACIT, é um sistema projetado especificamente para detectar, identificar e neutralizar aeronaves não tripuladas. A tecnologia funciona bloqueando sinais de radiofrequência que interrompem a comunicação entre o drone e seu operador, forçando o drone a pousar ou retornar automaticamente ao seu ponto de origem. Essa capacidade é essencial em um contexto em que drones são cada vez mais usados em operações de espionagem, sabotagem e transporte ilícito de materiais, tanto por grupos criminosos quanto por atores não estatais.
A entrega do SCE 0100 ocorreu em junho de 2025, no Forte Marechal Rondon, em Brasília, acompanhada de um ciclo intensivo de treinamento para integrantes do Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica (CCOMGEX). Durante as sessões de treinamento, vários cenários de interceptação foram simulados, demonstrando a eficácia e a versatilidade do sistema em situações reais. A atividade contou com a participação do 1º Batalhão de Guerra Eletrônica, do Centro de Treinamento de Guerra Eletrônica (CIGE), engenheiros do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (CTCEA) e especialistas da Base Industrial de Defesa (BID).
O SCE 0100 pode detectar drones em um raio de até 14 quilômetros, graças ao seu radar integrado, câmeras infravermelhas e sensores de radiofrequência. Também permite neutralizar aeronaves não autorizadas a uma distância de até 2 quilômetros sem recorrer a métodos cinéticos, minimizando o risco de danos colaterais. Este sistema integra-se diretamente com centros de comando e controle, como o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e o Centro de Monitoramento Anti-Drone, otimizando a resposta em tempo real a ameaças emergentes.
Entre suas aplicações práticas, o SCE 0100 já comprovou sua utilidade em operações de segurança pública, como a interceptação de drones utilizados no contrabando de drogas para dentro de presídios, e na proteção de eventos de grande porte, como a posse presidencial de 2023 e a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Na esfera militar, o sistema reforça a segurança de fronteiras e instalações críticas, especialmente em regiões estratégicas como a Amazônia.
A incorporação dessa tecnologia faz parte de um projeto mais amplo do Exército Brasileiro que visa garantir a autonomia nacional em áreas sensíveis como guerra eletrônica, vigilância e defesa aérea. Além da aquisição de equipamentos, o projeto inclui suporte técnico, treinamento contínuo e consultoria especializada, garantindo que as tropas recebam não apenas os equipamentos, mas também o conhecimento necessário para operá-los de forma eficaz.
Por fim, por ser um sistema composto por componentes 100% brasileiros, o SCE 0100 representa um avanço significativo no fortalecimento da Base Industrial de Defesa e na consolidação da soberania tecnológica do Brasil. Entretanto, o Exército reconhece a necessidade de um planejamento cuidadoso em ambientes urbanos, devido à potencial interferência em redes Wi-Fi causada pela sobreposição de frequências, aspecto que já está sendo considerado na implementação desses sistemas em todo o país.
*Imagens usadas para fins ilustrativos.-
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