Imagens de satélite recentemente divulgadas de dois dos porta-aviões da China, analisadas nas últimas horas, sugerem que a Marinha do Exército Popular de Libertação (PLAN) estaria preparando um desdobramento conjunto do Liaoning (CV-16) e do Fujian (CV-18) no Pacífico Ocidental. De acordo com um levantamento divulgado por fontes de Inteligência de Fontes Abertas (OSINT), ambas as unidades foram localizadas em uma disposição que indicaria atividades prévias a um possível desdobramento combinado, um movimento que, caso se confirme, marcaria mais um marco na maturação das capacidades de projeção naval do Gigante Asiático.
Segundo a análise das imagens, ambos os porta-aviões estariam atualmente posicionados na Base Naval de Yuchi, em Qingdao, no nordeste da China, juntamente com outros navios de apoio e escolta, reforçando a presunção de que estariam sendo realizados preparativos logísticos e operacionais para iniciar um novo desdobramento. Esse tipo de ação permitiria à Marinha do EPL avançar no aprontamento e na preparação de seus Grupos de Ataque de Porta-Aviões, que deixariam de operar de forma isolada para atuar de maneira coordenada, algo diretamente ligado à incorporação sucessiva de mais navios dessa classe ao serviço no futuro, sendo o caso mais recente o do Fujian.

Esses desdobramentos de um ou mais porta-aviões ocorrem em um contexto de aumento sustentado da presença de unidades de superfície e grupos-tarefa chineses operando com maior regularidade em águas disputadas com outros países da região. Dias atrás, por exemplo, o porta-aviões Liaoning concluiu uma patrulha no Mar das Filipinas, durante a qual foi registrado um incidente entre caças J-15 de seu Grupo Aéreo Embarcado e F-15J da Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF), estes últimos desdobrados em resposta a operações realizadas pelo navio nas proximidades do arquipélago japonês.
Em paralelo, o Fujian (CV-18), o mais moderno da frota chinesa, também realizou recentemente seu primeiro desdobramento operacional no Estreito de Taiwan após sua incorporação ao serviço, em uma operação que foi acompanhada de perto pelas Forças Armadas taiwanesas. Equipado com catapultas eletromagnéticas, o novo porta-aviões representa um salto qualitativo para as capacidades da Marinha do EPL, pois permite operar aeronaves embarcadas de maior peso e carga útil, ampliando significativamente o leque de missões que pode executar e sustentar a partir do mar.


A possível operação conjunta que poderia ser liderada pelo Liaoning e pelo Fujian também deve ser analisada à luz de antecedentes recentes. Em julho passado, o Liaoning e o Shandong protagonizaram exercícios nos quais foi simulado um enfrentamento entre ambos durante manobras no Pacífico Ocidental, uma atividade interpretada como um ensaio avançado com o objetivo de aumentar a interoperabilidade entre os dois porta-aviões.
Com esse antecedente, e caso se concretize o desdobramento conjunto entre o Liaoning e o Fujian, a China estaria dando mais um passo para consolidar sua capacidade de operar e sustentar um número cada vez maior de porta-aviões em um mesmo teatro de operações, algo que até o momento apenas marinhas como a dos Estados Unidos conseguiram realizar de forma sustentada, sendo esta a que possui o maior número de navios dessa classe em serviço no mundo. Para observadores, esse movimento não teria apenas implicações estritamente militares, mas também representaria uma forte mensagem política, diplomática e dissuasória para o restante da região, especialmente no que diz respeito à situação envolvendo Taiwan, às relações com Japão, Filipinas e Coreia do Sul, bem como à presença de potências extrarregionais no Pacífico Ocidental.

Por fim, cabe esclarecer que a Marinha da China ainda não emitiu um comunicado oficial sobre a natureza dos movimentos observados por meio de imagens de satélite, nem sobre os futuros deslocamentos de seus porta-aviões na região.
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