Após ter recebido as suas primeiras cinco unidades entre agosto e novembro, a Força Aérea Portuguesa (FAP) incorporou oficialmente, no passado dia 17 de dezembro, os seus novos aviões de ataque ligeiro Embraer A-29N Super Tucano. A cerimónia de entrega realizou-se nas instalações da empresa OGMA, em Alverca do Ribatejo, contando com a presença do ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, e do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general João Cartaxo Alves, marcando um novo marco no processo de modernização da aviação de combate portuguesa.
O ato oficial correspondeu à entrega dos primeiros exemplares do modelo A-29N, uma versão adaptada aos padrões da OTAN que permitirá a Portugal recuperar capacidades de treino avançado e apoio aéreo aproximado. Desta forma, a FAP começará a efetuar operações com o primeiro lote de um total de doze aeronaves encomendadas em dezembro de 2024, o que posiciona o país como o primeiro operador europeu deste avião e o primeiro do mundo a incorporar a configuração específica A-29N.
A Força Aérea Portuguesa havia recebido as suas três primeiras aeronaves a 31 de agosto de 2025, após um voo transatlântico desde o Brasil que incluiu escalas em Recife, Fernando de Noronha, Cabo Verde e nas Ilhas Canárias. Duas unidades adicionais chegaram a 8 de novembro, completando assim as cinco primeiras entregas que antecederam a incorporação oficial. Todas as aeronaves foram transferidas para as instalações da OGMA para a integração de equipamentos e sistemas compatíveis com os exigentes requisitos de interoperabilidade da Aliança Atlântica.
Durante a cerimónia, o general João Cartaxo Alves destacou que a chegada dos A-29N representa “mais um passo decisivo na modernização da Força Aérea, reforçando a sua robustez e capacidade tecnológica”. Assinalou ainda que estas aeronaves substituirão sistemas de treino com quase quatro décadas de serviço, ao mesmo tempo que permitirão desenvolver novas capacidades táticas, em especial no apoio aéreo aproximado e em missões combinadas com forças terrestres.
Por sua vez, o ministro Nuno Melo sublinhou que o Super Tucano incorpora “uma nova capacidade comprovada de ataque aéreo terrestre para apoiar as Forças Nacionais Destacadas”, além de oferecer a possibilidade de executar missões de combate antidrones, demonstrando a versatilidade do modelo selecionado. Na sua intervenção, indicou ainda que a escolha do A-29N reflete um equilíbrio entre decisões políticas e critérios técnicos, garantindo a efetividade operacional e o retorno económico para a indústria nacional.
Como parte do mesmo evento, foi assinada uma carta de intenção para a instalação de uma fábrica aeronáutica em Beja, que permitirá produzir aviões A-29N Super Tucano em Portugal. Este projeto, impulsionado pela Embraer e pela OGMA, procura fortalecer a base industrial de defesa, posicionando Portugal como um centro regional de produção e manutenção de aeronaves de ataque ligeiro para potenciais clientes europeus.
O A-29N Super Tucano, evolução do modelo desenvolvido pela Embraer, conta com mais de 600.000 horas de voo acumuladas e presença em 22 forças aéreas. A sua nova versão incorpora sistemas de comunicação SATCOM e Link 16, módulo DACAS, suite de autodefesa e sensores eletro-ópticos avançados. Estas características conferem-lhe elevada flexibilidade operacional, permitindo operar a partir de pistas não preparadas e executar missões de reconhecimento, treino ou combate com baixos custos de operação. Nos próximos dias, os novos A-29N serão transferidos para a Base Aérea n.º 11 de Beja, para a sua atribuição ao Esquadrão 101 “Roncos”, consolidando assim o regresso de Portugal ao segmento de ataque ligeiro e apoio aéreo aproximado.
Créditos das imagens: Força Aérea Portuguesa.
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