Constituindo-se atualmente como o último usuário da plataforma, a Força Aérea da Índia busca concretizar a compra de aeronaves para reposição junto a Omã, com o objetivo de manter em serviço seus antigos aviões SEPECAT Jaguar de origem anglo-francesa, modelos que já foram retirados de serviço naquele país em 2014. De acordo com reportagens da mídia local, o país árabe chegou a operar uma frota composta por 27 aeronaves desse modelo, anteriormente pertencentes à Real Força Aérea Britânica (RAF), mas que, após diversos acidentes, teria sido reduzida a apenas cerca de 14 unidades utilizáveis por Nova Délhi para esse fim.

Mais especificamente, vale recordar que Omã incorporou seus primeiros Jaguar a partir de 1977, somando às suas fileiras 20 exemplares da variante monoposto, cinco bipostos e duas aeronaves destinadas a reposição. Ainda não está claro quais dessas aeronaves integram o grupo das 14 ainda disponíveis, ou se, eventualmente, os exemplares acidentados ainda poderiam ser desmontados para aproveitamento de componentes, reforçando assim o inventário da Força Aérea da Índia; destino que, de todo modo, também terão as aeronaves preservadas, que seriam desmontadas em território omanense.
Nesse sentido, é importante destacar que a Índia opera o Jaguar desde 1978, atribuindo-lhe inicialmente um papel de ataque profundo. Em uma primeira fase, o país recebeu um lote de 18 aeronaves transferidas pela própria RAF, seguido por outras 40 fornecidas pela então British Aerospace. Posteriormente, para ampliar sua frota, a Índia incorporou mais 128 aeronaves construídas localmente pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL), sob um acordo de transferência de tecnologia; o último exemplar saiu da linha de produção em 2008, quando França e Reino Unido já não mantinham a fabricação do modelo ativa.

Por outro lado, caso a operação venha a se concretizar, não será a primeira vez que a Índia recorre à canibalização de frotas retiradas de serviço por países aliados para sustentar seus próprios Jaguar. Diante das crescentes dificuldades na obtenção de peças de reposição, em 2018 Nova Délhi recebeu cerca de três dezenas de aeronaves provenientes da França, a custo zero — desconsiderando-se os custos de transporte —, já que Paris havia retirado seus Jaguar de serviço em 2005. Atualmente, esses componentes contribuem para manter operacionais os seis esquadrões da Força Aérea Indiana, cada um composto por aproximadamente 20 aeronaves.
Além disso, a indústria local também se dedicou à modernização da frota indiana de SEPECAT Jaguar, por meio das três etapas do programa Display Attack Ranging and Inertial Navigation (DARIN). Inicialmente, conforme o próprio nome indica, os esforços concentraram-se na incorporação de novos sistemas de navegação Sagem, displays modernos para a cabine e um novo computador de missão, facilitando a integração de armamentos mais avançados. Em uma etapa posterior, conhecida como DARIN II e iniciada nos anos 2000, as aeronaves também receberam um sistema de designação a laser desenvolvido pela Thales, além de um novo sistema israelense de interferência eletrônica e modernos sistemas de contramedidas, entre outros aprimoramentos.

Mais adiante, já em 2008, a Índia deu início ao programa DARIN III, com o objetivo de equipar os Jaguar com o radar AESA Elta EL/M-2052, também desenvolvido pela indústria israelense, tornando-se assim a primeira aeronave da Força Aérea Indiana a contar com esse tipo de capacidade. Paralelamente, buscou-se integrar um novo computador de missão e substituir os antigos motores Rolls-Royce Turbomeca Adour pelos modelos Honeywell F125-IN; contudo, este último projeto acabou sendo cancelado em 2019, em razão de atrasos significativos e aumentos de custos. Com uma meta talvez excessivamente otimista, a Índia espera manter essas aeronaves em serviço até 2050, embora seja esperado que o processo de retirada tenha início bem antes.
Independentemente disso, os grandes esforços para manter a frota de Jaguar em operação refletem problemas mais profundos enfrentados pela Força Aérea da Índia, especialmente no que diz respeito ao cumprimento dos requisitos estratégicos relacionados ao número de aeronaves disponíveis para a formação dos 42 esquadrões determinados pelo governo. Atualmente, o país conta com apenas 29 esquadrões, situação agravada pela recente retirada de seus obsoletos caças MiG-21. Além disso, os processos de aquisição de até 114 novas aeronaves avançam lentamente, ainda sem um candidato claramente definido para a escolha da plataforma.
Imagens utilizadas apenas para fins ilustrativos.
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