A Bielorrússia será o cenário, durante o próximo mês de dezembro, para uma nova implantação do sistema de mísseis hipersônicos de alcance intermediário Oreshnik pelas Forças Armadas da Rússia, segundo informaram meios de comunicação russos citando Natalya Eismont, porta-voz do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko. Eismont afirmou que os preparativos para o desdobramento se encontram em sua fase final.
Anteriormente, Lukashenko havia indicado que a decisão de implantar o sistema respondia ao que qualificou como uma escalada por parte do Ocidente. Os mísseis Oreshnik já haviam participado de exercícios militares conjuntos entre a Rússia e a Bielorrússia no mês passado.

Remontando aos antecedentes, a Rússia utilizou pela primeira vez o míssil Oreshnik — “avelã”, em russo — em novembro de 2024, contra uma planta de defesa na cidade ucraniana de Dnipro. Na ocasião, o presidente russo Vladimir Putin afirmou ter autorizado o ataque como represália pelo uso, por parte da Ucrânia, de mísseis de longo alcance norte-americanos e britânicos em território russo. Posteriormente, o mandatário advertiu que poderiam ser realizados novos ataques, inclusive contra “centros de tomada de decisão” em Kiev, caso essas ações continuassem. Putin também sustentou que o Oreshnik é impossível de interceptar e possui um poder destrutivo comparável ao de uma arma nuclear, embora especialistas ocidentais tenham colocado em dúvida essas afirmações.
Entre 12 e 16 de setembro, a Bielorrússia sediou o exercício militar conjunto Zapad 2025, que contou com a participação das Forças Armadas da Rússia. Durante as manobras, as tropas praticaram o planejamento do uso de armas nucleares não estratégicas e o desdobramento do sistema de mísseis Oreshnik. O chefe do Estado-Maior Geral da Bielorrússia e primeiro vice-ministro da Defesa, Pavel Muraveiko, afirmou que “todas as tarefas estabelecidas foram praticadas. Entre outros marcos, posso destacar o planejamento e a consideração do uso de armas nucleares não estratégicas, assim como a avaliação e o desdobramento do sistema móvel de mísseis Oreshnik”.

Muraveiko destacou que as forças participantes utilizaram diversas versões de veículos aéreos não tripulados e analisaram esquemas de combate em localidades, áreas florestais, pantanosas e urbanas. “Nossos colegas russos compartilharam conosco sua experiência de combate, o que nos permite afirmar que hoje nossas unidades recebem as últimas atualizações e informações aplicáveis em cenários de combate”, acrescentou.
Por sua vez, o ministro da Defesa da Bielorrússia, Viktor Khrenin, já havia adiantado que a Rússia implantaria o sistema Oreshnik durante os exercícios, junto com simulações relacionadas ao uso de armamento nuclear. “Este é um elemento importante da nossa dissuasão estratégica. Como exige o chefe de Estado, devemos estar preparados para qualquer coisa. Vemos a situação em nossas fronteiras ocidental e setentrional e não podemos observar com calma a militarização e a atividade militar. Demonstramos nossa abertura e pacificidade, mas devemos manter-nos sempre em segurança”, afirmou.

Em junho passado, o presidente Putin confirmou o início da produção em série do sistema Oreshnik durante uma reunião com formandos militares. “Foi iniciada a produção em série do novo sistema de mísseis de alcance intermediário Oreshnik, que demonstrou sua eficácia em combate”, declarou. Embora não tenham sido especificados os volumes de produção nem os prazos de entrega para as Forças de Mísseis de Designação Estratégica, o míssil já havia sido utilizado pela primeira vez no conflito com a Ucrânia, quando foi lançado com uma ogiva não nuclear contra uma planta militar em Dnipro, em resposta a ataques com mísseis ATACMS e Storm Shadow de fabricação norte-americana e britânica.
Imagens meramente ilustrativas.
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