A Marinha dos Estados Unidos poderá firmar antes do fim do ano um contrato plurianual para a aquisição de 15 novos submarinos nucleares, após meses de negociações adiadas devido ao aumento dos custos trabalhistas e de materiais. A informação foi divulgada por executivos da Huntington Ingalls Industries (HII) durante a conferência de resultados do último trimestre.

O acordo, atualmente em discussão entre a Marinha norte-americana e os estaleiros HII Newport News Shipbuilding e General Dynamics Electric Boat, prevê a compra de dez submarinos de ataque da classe Virginia Block VI e cinco submarinos balísticos da classe Columbia, detalhou Chris Kastner, diretor executivo da HII. “A equipe está trabalhando muito intensamente para concluir isso antes do final do ano”, afirmou Kastner. “A Marinha está avaliando como proceder no contexto do fechamento do governo e de uma possível resolução contínua, a fim de garantir que possamos adjudicar os navios.”

Segundo o executivo, tanto o financiamento para a construção naval quanto as negociações contratuais continuaram durante o fechamento parcial do governo dos Estados Unidos. No âmbito do orçamento de defesa e da Lei de Reconciliação, o Pentágono havia previsto US$ 1,5 bilhão para a aquisição antecipada do primeiro submarino Block VI — o futuro USS Potomac (SSN-814) — referente ao exercício fiscal de 2024. Para o ano fiscal de 2025, o Congresso aprovou US$ 3,6 bilhões adicionais para esse navio e outros US$ 3,7 bilhões para a compra antecipada de unidades referentes aos exercícios de 2026 e 2027.

Os submarinos da classe Virginia Block VI incorporarão o Virginia Payload Module (VPM), destinado a suprir a necessidade da Marinha de dispor de uma plataforma de lançamento de mísseis de ataque terrestre em larga escala, substituindo as capacidades dos submarinos da classe Ohio que serão progressivamente retirados de serviço. A Marinha estima que necessitará de pelo menos 20 submarinos equipados com esse módulo para compensar a baixa dos Ohio.

Em abril, a Marinha norte-americana concedeu à Electric Boat e à Newport News contratos no valor de US$ 18,5 bilhões para os dois últimos submarinos da série Block V — os futuros USS Baltimore (SSN-812) e USS Atlanta (SSN-813) —, incluindo recursos adicionais para aumentos salariais do pessoal. “Após termos concluído as negociações de dois submarinos no início deste ano, nossas equipes se concentraram nos acordos do Block VI e do próximo contrato Columbia, e trabalham para tê-los prontos até o final de 2025”, destacou Kastner.

Avanços do programa Virginia

Em paralelo, a Marinha dos EUA continua incorporando novas unidades da classe Virginia. Em abril, foi comissionado o submarino USS Iowa (SSN-797), o vigésimo quarto da série e o terceiro a levar o nome do estado de Iowa. A cerimônia ocorreu na Base Naval de Submarinos de New London, em Connecticut.

Encomendado em 2014 e com a quilha colocada em 2019, o Iowa foi batizado em 2023 e entregue no final de 2024. Construído sob a configuração Block IV, foi projetado para reduzir os períodos de manutenção e aumentar sua disponibilidade operacional. O navio possui 114 metros de comprimento, 10 metros de boca, deslocamento de 7.800 toneladas e uma tripulação de 135 pessoas, com um reator que não requer reabastecimento de combustível durante toda a sua vida útil.

O programa Columbia, prioridade estratégica

No que diz respeito ao programa Columbia, a Marinha dos EUA avança na renovação de sua frota de submarinos balísticos de propulsão nuclear, pilar central de sua dissuasão estratégica. Em agosto, foi realizada a cerimônia de colocação da quilha do USS Wisconsin (SSBN-827), a segunda unidade da classe, nas instalações da General Dynamics Electric Boat em Rhode Island.

O USS District of Columbia (SSBN-826), primeiro submarino da série, alcançou recentemente 60% de progresso em sua construção, informou a General Dynamics. Até o final deste ano, espera-se que os módulos principais do navio estejam prontos para montagem, consolidando um dos marcos mais importantes do programa.

O projeto prevê a fabricação de 12 submarinos da classe Columbia, que substituirão os atuais da classe Ohio, em serviço desde a década de 1980. Essas unidades, com cerca de 21.000 toneladas de deslocamento, incorporarão sistemas de comando modernizados, maior discrição acústica e reatores de longa vida útil, garantindo a operacionalidade da frota até meados do século XXI.

Contexto internacional e cooperação com aliados

O fortalecimento da frota submarina norte-americana ocorre em um contexto de crescente cooperação com aliados. Em outubro, o presidente Donald Trump confirmou que seu governo venderá submarinos da classe Virginia para a Marinha da Austrália, no âmbito do acordo de segurança AUKUS, assinado em 2021 juntamente com o Reino Unido.

Durante seu encontro com o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese, Trump afirmou que o programa “avança de forma rápida e muito positiva” e que a transferência tecnológica “já está em andamento”. Segundo o pacto, a Austrália adquirirá entre três e cinco submarinos da classe Virginia antes de iniciar a construção local dos futuros SSN-AUKUS, previstos para entrar em serviço na década de 2040.

Com a iminente assinatura do contrato plurianual com a HII e a expansão de seus programas de submarinos de ataque e estratégicos, a Marinha dos Estados Unidos busca consolidar sua capacidade industrial e manter sua supremacia submarina em um cenário global cada vez mais competitivo.

Imagens meramente ilustrativas.

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