No decorrer do dia de ontem, meios de comunicação estatais divulgaram que as Forças Armadas russas demonstraram as capacidades do seu novo míssil de cruzeiro de propulsão nuclear Burevestnik, descrito como uma arma de longo alcance e com flexibilidade em termos de manobrabilidade suficiente para evitar sistemas de defesa aérea inimigos. Em particular, fala-se de testes nos quais o míssil em questão conseguiu percorrer até 14.000 quilômetros, permanecendo no ar por cerca de 15 horas, segundo os relatórios oficiais.
Foi o que apresentou no fim de semana o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, ao presidente Vladimir Putin durante uma reunião da qual ambos participaram. Recolhendo algumas de suas próprias palavras: “O teste foi realizado em 21 de outubro. Realizamos um voo de várias horas com um míssil nuclear e ele percorreu uma distância de 14.000 quilômetros, o que não é o limite (…) O míssil ficou no ar por cerca de 15 horas e isso também não é o limite.”

Diante dessa apresentação, o mandatário russo indicou que os testes decisivos com a plataforma já haviam sido concluídos e, posteriormente, ordenou às Forças Armadas russas que trabalhassem na preparação das infraestruturas necessárias para sua incorporação ao serviço. Assim como fez o próprio Gerasimov, Putin elogiou as capacidades do novo míssil Burevestnik e chegou a afirmar que se trata de uma arma “única”, capaz de ser empregada com precisão contra alvos altamente defendidos. Além disso, celebrou a capacidade russa de concretizar um projeto que especialistas consideravam “irrealizável”.
Convém recordar, nesse sentido, que existem antecedentes problemáticos no desenvolvimento e nos testes do novo armamento, havendo um claro exemplo nas provas realizadas em 2019. Naquela ocasião, registrou-se uma importante explosão no Mar Branco, seguida de medições que indicavam níveis de radiação após o incidente, bem como o falecimento de cinco cientistas nucleares russos. O primeiro teste bem-sucedido, ao menos anunciado publicamente por fontes oficiais e pelo próprio Putin, ocorreu em outubro de 2023.
Por fim, é importante destacar que os testes com o míssil Burevestnik tiveram um impacto significativo não apenas nas altas esferas russas, mas também nos Estados Unidos. Antes de embarcar em um voo rumo ao Japão, o presidente Donald Trump afirmou que o anúncio desses testes “não é apropriado”, em um momento de maior tensão devido às negociações estagnadas que buscam pôr fim à invasão russa da Ucrânia. A bordo do avião presidencial, o mandatário norte-americano declarou: “Ele deveria pôr fim à guerra. Uma guerra que deveria ter durado uma semana já está prestes a completar quatro anos. Isso é o que ele deveria fazer em vez de testar mísseis.”
Imagens utilizadas apenas para fins ilustrativos.
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