Horas atrás, em um fato inédito por sua magnitude e após semanas de tensão acumulada na região, o Pentágono confirmou que o mais moderno porta-aviões de propulsão nuclear da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), o USS Gerald R. Ford, será destacado para a região do Caribe, dentro da área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM).

A notícia foi oficialmente confirmada por Sean Parnell, assistente do Secretário de Guerra e chefe dos porta-vozes do Pentágono, por meio de uma publicação na rede social X, onde declarou: “Em apoio à diretriz do Presidente de desmantelar as Organizações Criminosas Transnacionais (TCO, na sigla em inglês) e combater o narcoterrorismo em defesa da pátria, o Secretário de Guerra ordenou o deslocamento do Grupo de Ataque do Porta-Aviões Gerald R. Ford e de sua ala aérea embarcada para a área de responsabilidade (AOR) do Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM).”
Ele acrescentou: “A presença reforçada das forças norte-americanas na área de responsabilidade do USSOUTHCOM fortalecerá a capacidade dos Estados Unidos de detectar, monitorar e desarticular atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território nacional, bem como a estabilidade no Hemisfério Ocidental. Essas forças aprimorarão e ampliarão as capacidades existentes para interromper o tráfico de entorpecentes e degradar e desmantelar as TCO.”
Sem dúvida, a confirmação da próxima chegada do USS Gerald R. Ford ao Caribe, dentro da área de operações do Comando Sul dos Estados Unidos, representa mais um passo na decisão da Casa Branca de travar uma luta sem tréguas contra os cartéis do narcotráfico que operam na região — organizações estas classificadas como terroristas e consideradas o principal sustentáculo do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
Em um breve panorama, a presença militar dos Estados Unidos na região do Caribe é a mais substancial e importante em décadas, reunindo uma multiplicidade de meios e capacidades sem precedentes no Hemisfério Ocidental. Basta mencionar o desdobramento de caças furtivos F-35B, operando a partir de Porto Rico e que recentemente realizaram missões de escolta de bombardeiros estratégicos B-52H Stratofortress, presumivelmente participando também do recente voo dos B-1B Lancer.



A estes se somam meios aeronavais, como navios de assalto anfíbio da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, que vêm realizando uma série de demonstrações e exercícios nas praias de Porto Rico, incluindo operações de assalto anfíbio e estabelecimento de cabeças de praia.
No entanto, apesar da retórica oficial contra as organizações do narcotráfico, a crescente demonstração de força e de capacidades constitui também uma mensagem clara ao regime de Nicolás Maduro. Conforme destaca o portal Escenario Mundial, a escalada entre o ditador bolivariano e o presidente Trump ocorre em um contexto “…no qual a CIA foi autorizada a realizar operações encobertas dentro do território venezuelano”.

Voltando à próxima presença do USS Gerald R. Ford, deve-se destacar que estamos diante do mais moderno porta-aviões de propulsão nuclear da Marinha dos Estados Unidos — o navio líder de sua classe homônima, destinada a substituir a atual classe Nimitz, cuja primeira unidade, o USS Nimitz, será desativada no próximo ano.
Além disso, o desdobramento na área de operações do USSOUTHCOM não significa que o porta-aviões atuará isoladamente, mas sim acompanhado de parte ou de todo o seu Grupo de Ataque de Porta-Aviões, composto por navios escolta e de apoio, como destróieres e cruzadores de mísseis guiados. É também provável a presença de um submarino de ataque de propulsão nuclear operando de forma discreta nas profundezas do oceano.
No momento em que zarpou em direção à Europa para realizar uma série de operações na Noruega e posteriormente no Mediterrâneo, o Grupo de Ataque do Gerald R. Ford era composto por cinco destróieres da classe Arleigh Burke: USS Winston S. Churchill (DDG-81), USS Bainbridge (DDG-96), USS Mahan (DDG-72), USS Mitscher (DDG-57) e USS Forrest Sherman (DDG-98).

No que diz respeito aos meios embarcados, o USS Gerald R. Ford iniciou sua missão ao deixar Norfolk com seu Grupo Aéreo Embarcado (GAE) completo, ou seja, com a dotação total de caças F/A-18E/F Super Hornet, aeronaves de guerra eletrônica EA-18G Growler, aviões de alerta aéreo antecipado E-2D Hawkeye, aviões de transporte C-2A Greyhound e helicópteros MH-60R Seahawk.
Por fim, quanto ao tempo estimado para sua chegada à área de operações designada no Caribe, no momento do anúncio de Parnell, o porta-aviões nuclear encontrava-se em escala na Croácia, enquanto meios de seu Grupo de Ataque — como o USS Forrest Sherman e o USS Mitscher — operavam separadamente no Mar Vermelho e no Mar Arábico, respectivamente. Assim, a navegação de retorno através do Mediterrâneo e a travessia do Atlântico deverão levar aproximadamente uma semana de viagem.
Imagens utilizadas apenas para fins ilustrativos.
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