A Marinha das Filipinas está avaliando adquirir apenas três dos seis contratorpedeiros da classe Abukuma oferecidos pelo Japão, segundo confirmou seu comandante, o vice-almirante Jose Maria Ambrosio Ezpeleta, durante uma audiência do Comitê de Finanças do Senado. O tema foi levantado pelo senador José Víctor Gómez Ejercito no âmbito do debate sobre o orçamento proposto para as Forças Armadas das Filipinas.
“Já os inspecionamos e apresentamos a recomendação”, afirmou Ezpeleta ao responder às perguntas de Gómez Ejercito. O chefe naval explicou que os navios têm mais de três décadas de serviço e estão programados para desativação em 2027. Acrescentou ainda que “não há garantia” de que Tóquio aprove a transferência dos contratorpedeiros, devido às limitações constitucionais que restringem a exportação de armamentos letais por parte do Japão, salvo exceções específicas.

O vice-almirante também reconheceu que, embora inicialmente tenha sido considerada a transferência de seis unidades, Manila agora pretende receber três. “Os seis podem não estar disponíveis para nós, mas, se estiverem, gostaríamos de obter três”, esclareceu. Por sua vez, Gómez Ejercito comentou: “Quero dizer, mendigos não podem escolher; são seis contratorpedeiros.”
De acordo com relatórios, Vietnã e Indonésia também figuram entre os possíveis destinos dessas embarcações. Os contratorpedeiros da classe Abukuma foram projetados para missões antissubmarino e antissuperfície, e compartilham semelhanças com as fragatas da classe Jose Rizal que atualmente integram a frota filipina. Os navios dessa classe possuem um deslocamento padrão de cerca de 2.000 toneladas e um comprimento de 109 metros.

Em julho, Ezpeleta havia antecipado que as conversas com o Japão estavam “nas primeiras etapas” e que o acordo poderia incluir também aeronaves TC-90 para operações de vigilância marítima. “Ainda estamos nas primeiras etapas das conversas sobre a transferência dos Abukuma (navios) e dos TC-90. Eles ainda estão em uso pela Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF), portanto, ainda não determinamos o número final de unidades nem o cronograma da possível transferência (…) Precisamos de mais meios navais. Isso será um bom complemento para nossa capacidade de patrulha e defesa do nosso território marítimo”, havia declarado.
Meios de comunicação japoneses informaram que os ministros da Defesa de ambos os países, Gen Nakatani pelo Japão e Gilberto Teodoro pelas Filipinas, realizaram reuniões em Singapura para discutir a possível transferência, que incluiria uma inspeção técnica por parte de pessoal filipino. Segundo o próprio Ezpeleta, “esperamos que o Japão apresente em breve uma oferta formal. Assim que isso ocorrer, realizaremos uma inspeção visual conjunta e uma avaliação técnica dos navios da JMSDF. O mais cedo que poderíamos recebê-los seria em 2027.”

A potencial transferência se insere no fortalecimento dos laços estratégicos entre Tóquio e Manila, que recentemente assinaram um Acordo de Acesso Recíproco (RAA) para facilitar o movimento de pessoal e equipamentos em seus respectivos territórios. A aproximação bilateral ocorre em um contexto de crescentes tensões no Mar da China Meridional e no Mar das Filipinas Ocidental, onde ambos os países mantêm disputas marítimas com Pequim.
Paralelamente, fontes de informação aberta (OSINT) informaram em agosto que o Japão também avalia transferir contratorpedeiros da classe Asagiri para países do Sudeste Asiático, entre eles as Filipinas, como parte de uma política de cooperação militar mais ativa na região. Essas unidades, construídas no final da década de 1980, estão sendo progressivamente retiradas do serviço ativo pela Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF).
Imagens meramente ilustrativas.
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