Após os devastadores ataques sofridos pelas mãos da Força Aérea de Israel, no marco da Operação “Rising Lion”, e posteriormente pelos Estados Unidos, as capacidades defensivas da República Islâmica do Irã encontram-se profundamente degradadas em todos os níveis. Embora o foco da campanha aérea israelense, iniciada em meados do mês de junho passado, tenha sido as instalações do programa nuclear iraniano, os sistemas de defesa aérea, radares e aeronaves de combate das Forças Armadas do país islâmico foram alvos prioritários. O saldo, após uma campanha de mais de duas semanas, foi a destruição de importantes capacidades, que o país busca recompor apoiando-se na Rússia e em outros aliados circunstanciais, como a China.

Embora não exista confirmação oficial a respeito, legisladores iranianos deram a entender em recentes declarações que a Rússia teria transferido um número não especificado de caças MiG-29 provenientes das Forças Aeroespaciais, enquanto avança a incorporação dos novos Sukhoi Su-35S, destinados a substituir os F-14 Tomcat de origem norte-americana herdados da época do Xá.
A menção à transferência dos caças MiG-29, atualmente empregados como aeronaves de segunda linha pelas VKS, enquanto o peso das operações militares contra a Ucrânia recai sobre outras plataformas como os mencionados Su-35S e os caças-bombardeiros Su-34, foi feita pelo legislador iraniano Abolfazl Zohrevand, membro do Comitê de Segurança Nacional da Assembleia Consultiva Islâmica, principal órgão legislativo do país.

A respeito, dias atrás o legislador afirmou: “Caças MiG-29 russos chegaram ao Irã e estão estacionados em Shiraz, enquanto também estão a caminho aeronaves Sukhoi Su-35”, assinalando que se trata de uma solução que funcionaria como uma espécie de stop-gap enquanto a Força Aérea iraniana avança na incorporação de seus primeiros lotes de caças Su-35S provenientes da Rússia.
Como vem sendo informado há meses, e confirmado por próprios funcionários do regime, o Irã concretizou a aquisição à Rússia de novos caças Su-35S, a versão mais moderna da família Flanker em serviço com as Forças Aeroespaciais Russas, destinados a substituir os F-14 Tomcat de origem norte-americana; estes, por sua vez, foram atacados pela Força Aérea Israelense, independentemente de sua condição de voo ou mesmo quando se tratava de fuselagens canibalizadas expostas à vista.

A incorporação desta plataforma, uma das mais modernas produzidas pelas fábricas de aviação reunidas dentro da United Aircraft Corporation (UAC), não é pouca coisa, já que permitiria à Força Aérea do Irã recuperar capacidades perdidas pelos ataques da aviação israelense, bem como avançar em um programa de renovação de aeronaves de combate e de treinamento. Um dos primeiros passos nestes esforços foi a incorporação dos novos treinadores avançados Yakovlev Yak-130, que podem ser empregados como aviões de ataque, mas que principalmente se utilizam para a formação e treinamento avançado de pilotos, muitos dos quais dariam o salto para plataformas de maiores prestações, como o mencionado Su-35S.
No entanto, até o momento, apesar dos anúncios oficiais, não há confirmação respaldada por imagens ou vídeos de que a Rússia tenha iniciado o tão necessário fornecimento dos Su-35S.

As declarações realizadas por Abolfazl Zohrevand podem indicar que este processo estaria apresentando atrasos, considerando que o principal esforço do complexo militar-industrial russo está centrado em equipar as VKS a fim de repor unidades perdidas nas operações na Ucrânia e aumentar o grau de disponibilidade.
Por sua vez, a transferência de MiG-29 por parte da Rússia confirma que estas aeronaves, surgidas nos tempos da União Soviética para operar junto com os Su-27 como o binômio destinado a enfrentar os F-16 e F-15 norte-americanos, estariam cumprindo papéis de segunda linha e até mesmo iniciando um processo de retirada gradual do serviço e disponibilização a aliados, como é o caso do Irã, mas também da Coreia do Norte.
Embora não tenham sido mencionadas quantidades de unidades transferidas, a Força Aérea do Irã já é operadora desta aeronave de origem soviética/russa, contando com uma pequena frota adquirida no final dos anos 80. Segundo estimativas, a força operaria uma frota de vinte MiG-29 e quatro biplaces MiG-29UB.


Por fim, outras declarações realizadas pelo legislador devem ser levadas em conta, nas quais menciona que o Irã está em negociações com a China e a Rússia para se dotar de novos e avançados sistemas de defesa aérea, tratando-se dos sistemas HQ-9 e do moderno S-400.
Fotografia de capa: Dmitry A. Mottl.
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