Horas atrás, as redes sociais e a comunidade de especialistas OSINT entraram em alerta com as últimas notícias divulgadas oficialmente pela Marinha do Exército de Libertação Popular da China (PLAN). Por meio de uma série de vídeos viralizados, juntamente com imagens oficiais, a força confirmou a realização de testes de pouso e decolagem do futuro de sua aviação naval embarcada a partir do porta-aviões Fujian, composta pelos caças J-15T e os furtivos J-35, bem como pelo novo avião de alerta aéreo antecipado e controle KJ-600.
Dias atrás, foi confirmado oficialmente que o novo e mais moderno porta-aviões Tipo 003 Fujian havia zarpado de Xangai para iniciar uma nova prova de navegação e avaliação. No entanto, diferentemente de ocasiões anteriores, fortes indícios apontavam que esta não seria como as demais, mas sim a antesala de importantes anúncios relacionados com sua futura entrada em serviço. Inclusive, foi confirmado que o navio realizou uma navegação pelo Estreito de Taiwan, a qual foi acompanhada de perto tanto pelas autoridades do governo da ilha quanto pelas Forças de Autodefesa do Japão.
Dessa forma, e após o imponente desfile do Dia da Vitória no início do mês em Pequim, onde a Aviação Naval do Gigante Asiático exibiu suas novas plataformas de combate embarcadas para operar a partir de porta-aviões, as imagens viralizadas nas últimas horas confirmam de maneira definitiva que já estão sendo realizados testes de pouso, decolagem e operações no convés de voo do Tipo 003.
Em detalhe, observa-se em primeiro lugar a nova joia da coroa da aviação chinesa: o novo caça furtivo Shenyang J-35 em sua versão naval, operando a partir do convés de voo do Fujian e realizando decolagens e pousos. Meses atrás havia sido reportado que a Marinha da China e a empresa aeroespacial avançavam em seu desenvolvimento, chegando inclusive a presumir-se que o novo avião de quinta geração havia entrado em serviço de forma limitada, sendo apresentado oficialmente durante o desfile aéreo do Dia da Vitória.
Também foi observada nas imagens a presença da nova variante da família J-15, denominada J-15T, operando a partir do Fujian. Esta aeronave, assim como o J-35, foi projetada para ser compatível com o novo sistema de lançamento eletromagnético – presumivelmente semelhante ao EMALS presente na classe norte-americana Gerald R. Ford – e com os sistemas de recuperação de aeronaves que equipam o Fujian. Isso marca uma virada histórica para as capacidades embarcadas da Marinha da China.
Até agora, os primeiros porta-aviões da China, o Liaoning e o Shandong, baseados na classe Kuznetsov de origem soviética/russa, apresentavam uma configuração do tipo STOBAR (decolagem curta mas recuperação por parada) com a característica rampa “ski-jump” na proa do navio. Embora essa solução implicasse menores custos e complexidade por não dispor de catapultas para impulsionar as aeronaves embarcadas, também limitava o peso e a carga útil das mesmas, reduzindo a quantidade de armamento e o raio de operação dos aviões.
Contudo, com a entrada em serviço da nova geração de porta-aviões chineses liderada pelo Tipo 003 Fujian, à qual se somará o futuro Tipo 004 (que estaria em suas primeiras fases de construção), a Marinha da China deu um passo de grande relevância visando aumentar suas capacidades de projeção no Pacífico.
A partir do Fujian, os porta-aviões do Gigante Asiático – tanto os de propulsão convencional quanto os projetados de propulsão nuclear no futuro – adotam uma configuração CATOBAR (decolagem assistida por catapulta e recuperação por parada), cujas principais características são a incorporação de sistemas eletromagnéticos para o lançamento de aeronaves, uma tecnologia vista pela primeira vez nos porta-aviões classe Gerald R. Ford da Marinha dos EUA, atualmente em processo de substituir a classe Nimitz.
Isso representa para a Aviação Naval chinesa uma mudança significativa e um aumento substancial de capacidades, já que, além do J-15T e do J-35, os testes realizados no convés do Fujian também envolveram o novo avião de alerta aéreo antecipado e controle KJ-600, destinado a ser os futuros “olhos avançados” dos Grupos-Tarefa chineses liderados pelo Tipo 003 e seus sucessores.
Até o momento, essa capacidade de controle aerotransportado a partir de porta-aviões estava ausente no Liaoning e no Shandong devido à sua configuração, dependendo nesse aspecto de seus helicópteros embarcados e do apoio de aeronaves AEW&C destacadas de bases em terra.
Por fim, diante da novidade das imagens, só é possível inferir a abertura de um novo capítulo na história da Marinha da China em geral, e de sua Aviação Naval em particular, com a adoção de toda uma nova série de plataformas sobre as quais consolidar suas capacidades de projeção naval rumo ao Indo-Pacífico, representando uma nova conquista no roteiro traçado há mais de quarenta anos pelos comandos militares chineses.
Texto original em espanhol: Juan José Roldán
Fotografias: Marinha da China.
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