No âmbito de uma entrevista concedida ao jornal francês Le Monde, o ex-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que a França estaria preparando a transferência de um número adicional de caças Mirage 2000-5 para a Força Aérea da Ucrânia, o que elevaria o total de exemplares para 20. Caso essa novidade venha a se concretizar, tratar-se-ia de uma decisão que duplicaria a quantidade de aeronaves originalmente comprometida por Paris e que confirmaria os rumores surgidos em junho, após a realização de uma reunião entre o presidente francês Emmanuel Macron e o seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky.

Detalhando mais, o ex-ministro declarou que a chegada de 10 novas aeronaves é muito importante para sustentar as capacidades aéreas ucranianas, sendo útil recordar, neste ponto, que os Mirage 2000-5 franceses foram originalmente concebidos como uma plataforma de caça, mas que, antes de sua transferência para Kiev, recebem modificações que permitem ampliar seu papel para missões de ataque e resistir a diversos tipos de interferências eletrônicas empregadas pelas defesas russas; esses trabalhos são realizados na Base Aérea de Cazaux. No entanto, Kuleba manteve um tom realista ao afirmar que, embora a ajuda seja bem-vinda, “não será suficiente para mudar o curso da guerra”.

Por outro lado, deve-se mencionar que o ex-ministro das Relações Exteriores ucraniano detalha o número de aeronaves que seriam enviadas, embora não precise nenhuma data nem de quais esquadrões esses exemplares viriam. Do lado do governo francês, ainda não foi decidido confirmar oficialmente os planos até agora descritos, nem qualquer tipo de projeto semelhante, dificultando assim oferecer maiores detalhes. Entretanto, podemos observar que Paris mantém atualmente apenas dois esquadrões equipados com esse caça, sendo eles o 3/11 Corse e o 1/2 Cigognes. Ambos aguardam a chegada dos novos caças Rafale.

Além desses pontos, também é necessário destacar que os Mirage 2000-5 já se viram envolvidos em combate na frente ucraniana, integrando uma rede estratificada de defesa aérea que inclui os F-16 e diversos tipos de lançadores de mísseis terrestres doados por diferentes aliados ocidentais. Tanto é assim que já foi confirmada a primeira perda de uma dessas aeronaves em julho, o que foi atribuído pela Força Aérea Ucraniana a uma falha técnica reportada pelo piloto antes de realizar a ejeção; este foi posteriormente resgatado por equipes de busca e salvamento (SAR).

Por fim, ampliando o foco sobre a contribuição francesa às capacidades aéreas ucranianas, é importante destacar que esta não se limita à transferência de aeronaves, mas também à formação contínua de pilotos. Como relatamos em setembro do ano passado, por ocasião da graduação da primeira turma de militares, Paris disponibiliza seus aviões de treinamento Alphajet para que os pilotos ucranianos deem seus primeiros passos em aeronaves a jato, o que vem sendo feito inclusive antes da concretização dos envios de caças Mirage. Trata-se de uma etapa de grande relevância, uma vez que permite a transição desde uma plataforma de treinamento básico, como pode ser um avião GROB-115 do Reino Unido (onde os pilotos ucranianos iniciam sua formação), até plataformas de combate de primeira linha, como os já mencionados F-16.

Imagens utilizadas apenas de forma ilustrativa

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