Reavaliando as aquisições de plataformas aéreas dos Estados Unidos, pouco depois de vir à tona a decisão de Washington de impor tarifas de 25% sobre suas exportações como suposta sanção pelas compras de petróleo russo, a Índia revelou que suspendeu seus planos de aquisição de seis aeronaves de patrulha marítima P-8I Poseidon adicionais para equipar suas Forças Armadas. Ao justificar a decisão, Nova Délhi afirmou que os custos de aquisição dessas aeronaves aumentaram em até 50%, tornando inviável prosseguir com a compra em meio às disputas comerciais.
Aprofundando-se em alguns detalhes sobre esse aumento nos custos para adquirir novos P-8I Poseidon, o governo indiano estimou que o valor atual chegou a cerca de 3,6 bilhões de dólares, número consideravelmente superior ao acordado originalmente. Vale lembrar que o contrato autorizado em 2021 pelo Departamento de Estado girava em torno de 2,42 bilhões de dólares, o que permitiria à Índia avançar no objetivo de formar uma frota de 18 aeronaves de patrulha para reforçar suas capacidades de vigilância sobre o Oceano Índico — algo especialmente relevante diante do aumento da atividade naval chinesa.

É importante destacar, no entanto, que a suspensão da compra não implica automaticamente no cancelamento definitivo. De acordo com a imprensa local, autoridades do governo indiano ainda confiam na possibilidade de novas negociações para lidar com o aumento de preços mencionado, ressaltando que isso poderia ocorrer no âmbito do programa de Vendas Militares ao Exterior (Foreign Military Sales – FMS) no qual a operação está enquadrada. O incentivo para essa tentativa não se deve apenas ao interesse nos P-8I, mas também à intenção de preservar os mais de 5.000 empregos que o fabricante Boeing mantém na Índia.
Por outro lado, analisando mais amplamente as recentes novidades da Índia, cabe lembrar que o país também rejeitou recentemente a proposta norte-americana para equipar sua Força Aérea com caças furtivos F-35A da Lockheed Martin. Conforme reportamos em 1º de agosto, as autoridades indianas basearam-se na política de priorizar o desenvolvimento tecnológico e industrial local, apoiado em transferências de know-how de parceiros estrangeiros — algo que parece estar alinhado ao que vem ocorrendo no contexto das novas disputas comerciais com os EUA. Nessa lógica, o país asiático preferiria dedicar-se à produção de seu caça AMCA, cujo primeiro voo poderia ocorrer entre 2027 e 2028.

Aproveitando-se da relação atualmente dificultada entre Washington e Nova Délhi, Pequim mobilizou sua mídia oficial para tentar afastar o segundo de seus vínculos com o primeiro, evidenciando a rivalidade geopolítica entre as principais potências mundiais na atualidade. Um exemplo disso pôde ser visto na publicação do Global Times, do gigante asiático, que divulgou um artigo acusando os EUA de tratar a Índia não como um parceiro em igualdade de condições para construir relações de longo prazo, mas como um país descartável em sua política externa.
Imagens utilizadas apenas para fins ilustrativos
Você pode se interessar: Força Aérea da Índia desmente interesse na compra de novos caças KAI KF-21 da Coreia do Sul




