Com o objetivo de fortalecer sua capacidade de projeção naval e sustentar operações anfíbias, a Marinha do Brasil teria iniciado os preparativos para incorporar um dos navios de assalto anfíbio recentemente desativados pelo Reino Unido. A operação, centrada no HMS Bulwark (L15), faz parte de um processo de cooperação bilateral que visa fortalecer as capacidades estratégicas e humanitárias da força, em um contexto regional que demanda meios versáteis, capazes de responder tanto a operações militares quanto a emergências civis.

Nesse sentido, a Marinha do Brasil já designou a tripulação que assumirá o comando do navio da classe Albion após seu recebimento, atualmente em processo de transferência da Marinha Real Britânica. O efetivo naval deve viajar para Plymouth em setembro deste ano para supervisionar a manutenção inicial do navio e receber o treinamento necessário antes de seu comissionamento formal. O retorno do navio às águas brasileiras está previsto para outubro de 2026.

O HMS Bulwark, comissionado em 2005 e recentemente passando por uma reforma completa em Devonport, com um investimento de aproximadamente £ 72,1 milhões, foi oficialmente desativado em março de 2025. Sua aquisição faz parte de um acordo assinado durante a feira de defesa LAAD 2025, onde Brasil e Reino Unido reafirmaram seu compromisso com o avanço desse tipo de transferência estratégica.

Projetado para operações anfíbias, assistência humanitária e resposta a desastres, o navio oferece uma plataforma de grande valor operacional. Com capacidade para transportar mais de 300 fuzileiros navais (e até 405 na configuração máxima), ele pode acomodar seis tanques ou 30 veículos blindados, operar helicópteros pesados e deslocar embarcações de desembarque por meio de sua doca de popa inundável, que pode acomodar até quatro unidades com capacidade para transportar um tanque cada.

O interesse brasileiro no HMS Bulwark se enquadra em um contexto mais amplo. Desde o final de 2024, o governo britânico confirmou que avançaria com o descomissionamento de um número significativo de navios de apoio, incluindo seus dois navios de apoio da classe Albion: o HMS Albion e o HMS Bulwark. Essa decisão gerou críticas internas no Reino Unido, com acusações de “venda” de unidades ainda em pleno funcionamento para terceiros países.

No caso do Brasil, a aquisição deste navio representa não apenas um reforço militar, mas também um aprimoramento de suas capacidades anfíbias. A Marinha tem enfatizado a necessidade de recursos adequados para auxiliar a população em situações de desastres decorrentes de eventos climáticos extremos, como as enchentes que atingiram São Sebastião em 2023 e o estado do Rio Grande do Sul em 2024.

O acordo assinado durante a LAAD 2025, coincidindo com o bicentenário das relações diplomáticas entre Brasil e Reino Unido, prevê a troca de informações técnicas e operacionais sobre o navio. Caso a transferência seja concluída, o HMS Bulwark passará por um processo de adaptação e substituição de equipamentos sensíveis, semelhante ao aplicado ao porta-helicópteros HMS Ocean antes de sua entrega ao Brasil em 2018, quando começou a operar como NAM Atlântico (A140).

Assim, a futura incorporação do HMS Bulwark marcaria um novo capítulo na modernização da Marinha do Brasil, fortalecendo sua capacidade de projetar poder, responder a emergências e cumprir missões internacionais, tudo isso com uma plataforma comprovada de alto valor estratégico, capaz de servir como hub para operações anfíbias no Atlântico Sul.

*Imagens ilustrativas.

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