Em uma mudança estratégica significativa, os militares sul-coreanos decidiram cancelar sua compra de 36 helicópteros de ataque AH-64E Apache, avaliados em aproximadamente US$ 3,5 bilhões, como parte de uma mudança em suas prioridades de defesa em direção a tecnologias não tripuladas e sistemas de guerra de última geração com perspectivas melhoradas.

A segunda fase do programa de helicópteros de ataque pesado da Coreia do Sul — que incluiu a adição de novas unidades AH-64E Guardian fabricadas nos EUA — foi efetivamente abandonada depois que quase todo o financiamento foi cortado em um orçamento suplementar aprovado na sexta-feira passada. Dos 100 bilhões de wons alocados inicialmente, 97 bilhões de wons foram eliminados e os 3 bilhões de wons restantes foram realocados.

O parlamentar Yu Yong-weon, do Partido do Poder Popular, apoiou a medida, destacando a crescente vulnerabilidade dos helicópteros a ataques de mísseis portáteis e drones de baixo custo, um problema que se tornou evidente em conflitos recentes, como a guerra na Ucrânia. “É um passo positivo reconsiderar a aquisição da Apache. Precisamos investir em drones e outros sistemas de ponta”, disse ele.

Uma mudança de paradigma

O cancelamento está alinhado com uma reavaliação mais ampla dentro do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, que já havia começado a reconsiderar o programa em maio passado. Esta revisão leva em conta tanto o contexto operacional quanto o forte aumento de preço: os custos do Apache teriam aumentado 66% em comparação à compra inicial feita há uma década.

Paralelamente, países como Japão, Austrália e os próprios Estados Unidos também estão revisando seus programas tradicionais de helicópteros de ataque. O Exército dos EUA, por exemplo, cancelou seu projeto de helicóptero de ataque de última geração e se concentrou em soluções como o rotor basculante V-280 Valor, que oferece maior velocidade e alcance operacional.

Sobrevivência em ambientes de alta ameaça

Especialistas alertam que o ambiente de combate moderno levanta sérias questões sobre a eficácia de helicópteros de ataque tradicionais, como o Apache. Sua velocidade e alcance limitados, combinados com sua alta vulnerabilidade a sistemas de defesa aérea, como MANPADS, artilharia antiaérea e drones kamikaze, limitam sua capacidade de operar com segurança em áreas hostis.

No contexto da Península Coreana, onde a Coreia do Norte continua a expandir suas capacidades de defesa aérea e sistemas não tripulados com assistência tecnológica da Rússia, a exposição de helicópteros de ataque a essas ameaças se torna ainda mais crítica. O compromisso com sistemas autônomos, armas inteligentes e munições de ataque unidirecionais controladas por inteligência artificial parece uma resposta mais eficaz e viável.

Alternativas domésticas

Apesar do cancelamento do segundo lote de Apaches, a Coreia do Sul já tem 36 helicópteros AH-64 em serviço, adquiridos na fase inicial do programa. Além disso, o país asiático desenvolveu modelos nacionais de menor capacidade, como o MAH (Marine Attack Helicopter) e o LAH (Light Attack Helicopter), que poderiam complementar as capacidades atuais do Exército.

Tudo indica que os recursos inicialmente destinados à compra dos novos Apaches serão redirecionados para o desenvolvimento e aquisição de drones de combate, sistemas autônomos e tecnologias emergentes, posicionando a Coreia do Sul como um dos principais países asiáticos a adotar totalmente a transformação digital do campo de batalha.

*Imagens meramente ilustrativas.

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