Conforme havia sido antecipado previamente pela Embraer, a 55.ª edição do Paris Air Show está sendo palco de importantes anúncios no setor aeroespacial. O mais relevante para a empresa brasileira, sem dúvida, é a recente confirmação de que o C-390 Millennium foi selecionado como a futura aeronave de transporte da Força Aérea da Lituânia, ampliando assim o número de operadores europeus que confiam nesta plataforma para renovar suas frotas de transporte militar.

A seleção da aeronave de origem brasileira foi confirmada nesta segunda-feira, 18 de junho, pela Embraer e pelo Ministério da Defesa da Lituânia, que anunciou que a decisão foi baseada em um rigoroso processo de análise no qual foram avaliadas três propostas. Não foram fornecidos maiores detalhes sobre as concorrentes, embora se presuma que tenham sido apresentadas pela Lockheed Martin e pela Airbus.
Nesse sentido, a pasta de defesa lituana destacou que a “… avaliação foi baseada nos requisitos operacionais formulados pelas Forças Armadas da Lituânia para as aeronaves, assim como em parâmetros ecológicos e econômicos, prazos de entrega e o potencial de cooperação industrial, ou seja, a disposição dos fabricantes em colaborar com empresas e instituições acadêmicas que atuam na Lituânia”.

Atualmente, a Força Aérea da Lituânia conta com uma frota reduzida de aeronaves de transporte tático médio e leve, entre as quais se destacam os Leonardo C-27J Spartan e os Let L-410 Turbolet. Conforme foi apontado, o C-390 servirá como complemento aos C-27J em missões de transporte de pessoal e tropas, evacuação médica, ajuda e assistência humanitária, e até mesmo evacuação de cidadãos lituanos, como demonstrado pelas recentes operações realizadas em Israel.
Outro aspecto relevante, alinhado com os requisitos de interoperabilidade com os aliados da OTAN, é que a aeronave está sendo adotada por um número crescente de forças aéreas aliadas, como é o caso de Portugal e Hungria, que já receberam suas primeiras unidades. A esses se somarão os Países Baixos, Suécia, República Tcheca e Eslováquia. Também vale mencionar o caso da Áustria, país que confirmou sua aquisição mesmo sem fazer parte da Aliança Atlântica.

Por ocasião do anúncio da seleção da nova aeronave para fortalecer as capacidades das Forças Armadas da Lituânia, a ministra da Defesa do país báltico, Dovilė Šakalienė, destacou: “Ao adquirir aeronaves militares de nova geração, também garantimos uma capacidade estratégica de transporte de tropas, uma capacidade que atualmente é escassa entre os aliados da OTAN na Europa. Essa necessidade foi destacada em diversas ocasiões durante reuniões da OTAN. As novas aeronaves militares nos permitirão transportar nossas tropas e equipamentos para mais longe, mais rápido e de forma mais econômica, ao mesmo tempo em que fortalecem o potencial dissuasório conjunto da Aliança. Uma aeronave militar deve ser capaz de transportar cargas maiores, operar a distâncias mais longas e ser compatível com os padrões da OTAN, para que a Lituânia possa participar plenamente de missões conjuntas.”
E acrescentou: “Vemos claramente o quão rápido capacidades mais robustas podem ser necessárias — mesmo em situações atuais, quando é preciso transportar pessoas a partir de territórios inseguros ou realizar outras missões urgentes. A possibilidade de reforçar a Força Aérea nos próximos três anos, e não em uma década, é um fator importante.”
Por sua vez, Bosco da Costa Junior, presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, declarou: “Estamos honrados por termos sido selecionados pelas autoridades lituanas. Essa escolha reflete o compromisso da Embraer com o fortalecimento das capacidades de defesa na Europa. Nesse sentido, o C-390, com sua versatilidade, desempenho e interoperabilidade com a OTAN, é a plataforma ideal — pronta para realizar as missões mais exigentes.”
Por fim, a seleção do C-390 por parte da Lituânia marca um novo marco para a Embraer e um êxito para sua estratégia de expansão global da plataforma, que não está focada apenas na Europa, mas também tem voltado seu interesse para os mercados asiático e do Oriente Médio. O primeiro sucesso nesse sentido foi a escolha da aeronave de transporte pela Força Aérea da Coreia do Sul, ao mesmo tempo em que se registram esforços para posicioná-la em novos mercados como Índia, Japão e Arábia Saudita.






