No início do mês, uma série de fotografias captadas pelo satélite Pleiades Neo da Airbus revelou os avanços que a Coreia do Norte está fazendo para equipar sua Força Aérea com uma aeronave de alerta aéreo antecipado e controle (AEW&C). Embora Pyongyang ainda não tenha feito um anúncio oficial, este programa mostrou avanços significativos nos últimos meses, conforme revelado pela comparação de imagens captadas no final do ano passado e no início deste ano.

Até o momento, sem maiores detalhes, apenas alguns aspectos deste novo projeto das Forças Armadas da Coreia do Norte podem ser inferidos e observados. O principal é a plataforma utilizada para cumprir as funções de alerta aéreo antecipado e controle, que se trata de uma aeronave de transporte Ilyushin Il-76 de origem russa, que está passando por trabalhos de conversão em instalações localizadas no Aeroporto Internacional de Sunan, em Pyongyang.

As fotografias captadas pelo satélite da Airbus mostram que a Coreia do Norte avançou na instalação do radome do radar na parte superior da fuselagem. O site especializado 38 North, dedicado à análise de eventos na Coreia do Norte, forneceu uma série de detalhes de grande interesse, os quais sugerem que Pyongyang pode estar recebendo apoio de Pequim neste projeto.

Na imagem de satélite, observa-se que a parte superior do radome apresenta um design triangular semelhante ao de aeronaves AEW operadas pela Força Aérea do Exército Popular de Libertação da China (PLAAF), um formato que não está presente em plataformas similares utilizadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e da Rússia. Segundo o site especializado: “Nos aviões chineses, o triângulo indica a colocação de três radares de matriz em fase não rotativos, dispostos para cobrir setores de 120 graus. Isso pode sugerir apoio ou influência da China, embora o triângulo por si só não constitua uma prova conclusiva.”

Como mencionado, o projeto não foi oficialmente anunciado pelo regime norte-coreano, e seu desenvolvimento só é conhecido por meio de imagens de satélite. Foi graças a esse tipo de material que o Ocidente tomou conhecimento de sua existência em outubro de 2023, quando foi rastreada a chegada do Il-76, uma aeronave que até alguns anos atrás era utilizada pela companhia aérea estatal Air Koryo para transporte de carga.

Posteriormente, no final do mesmo ano, foi confirmado o início dos trabalhos na seção superior da fuselagem, com foco no reforço estrutural para acomodar os suportes sobre os quais será montado o novo radome do radar da aeronave, que ainda não possui uma designação oficial.

Em 2024, registrou-se a chegada do mencionado radome às instalações do aeroporto de Sunan e, no início deste mês, ele reapareceu instalado sobre o Il-76.

Até o momento, desconhece-se em detalhes o estado de avanço do programa, especialmente no que diz respeito à integração do radome com o restante da aeronave, bem como a possível data de início dos testes em solo e os necessários testes de voo.

Como foi indicado, apesar do possível envolvimento chinês no programa, a configuração escolhida pela Força Aérea da China segue a linha observada em modelos de origem soviética/russa, como o Beriev A-50 (ou Mainstay, segundo a designação da OTAN) e o mais moderno Beriev A-100, que possuem um radome que proporciona um campo de visão de 160° graças à presença de um radar da família VEGA.

Por fim, seguindo a hipótese da participação da China no desenvolvimento, pode-se inferir que a Coreia do Norte busca obter capacidades de alerta aéreo antecipado e controle semelhantes às das aeronaves Shaanxi KJ-2000 da PLAAF. Essas aeronaves, também baseadas nos Il-76, estão entre os sistemas AEW&C mais potentes em serviço, com um alcance de detecção de 470 quilômetros graças ao seu radar AESA Tipo 088.

Imagens de satélite: 38 North.

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