O último dia 7 de março não será lembrado como apenas mais uma data para a Força Aérea Ucraniana, pois a ocasião marcou a estreia oficial em combate dos caças Mirage 2000-5F transferidos pela França para a Ucrânia, apenas um mês após a confirmação de sua chegada ao país. O desdobramento dos deltas de origem francesa ocorreu em resposta a um novo ataque realizado pelas Forças Armadas Russas, que empregaram massivamente mísseis de cruzeiro e drones. Nessas operações, os caças-bombardeiros atuaram junto com os F-16 em missões de cobertura aérea e interceptação de ameaças.

No início de fevereiro, por meio de declarações oficiais do Ministro das Forças Armadas da França, Sébastien Lecornu, foi confirmada a chegada à Ucrânia dos primeiros caças Mirage 2000-5F prometidos por Paris a Kiev. Embora poucos detalhes tenham sido divulgados, esse primeiro lote, composto por três aeronaves, deu início ao processo oficial de transferência de um número não revelado de unidades.

Dessa forma, a França se tornou mais um país a fornecer aviões de combate de origem ocidental para a Ucrânia, juntando-se à Dinamarca, aos Países Baixos, à Noruega e à Bélgica, que, com a autorização dos Estados Unidos, estão transferindo seus caças F-16 Fighting Falcon.

No entanto, desde o anúncio feito em 6 de fevereiro, poucas informações foram divulgadas sobre o emprego e a operação dos Mirage 2000-5F. Sabe-se, por meio de declarações oficiais de autoridades francesas, que as aeronaves passaram por um processo de modernização antes de serem entregues à Força Aérea da Ucrânia.

Entre as possíveis melhorias realizadas nos deltas ucranianos, presume-se que tenham sido feitas atualizações nos sistemas de guerra eletrônica e contramedidas, considerando o ambiente operacional altamente contestado em que já estão sendo empregados. Além disso, mencionou-se a implementação de melhorias na capacidade de combate ar-terra, aproveitando o radar RDY de varredura mecânica por pulso Doppler, com capacidade “look-down/shoot-down”, que equipa essa versão do Mirage 2000.

Voltando aos eventos de 7 de março, canais oficiais do Ministério da Defesa e das Forças Armadas da Ucrânia informaram sobre um novo ataque russo, no qual foram empregados maciçamente drones e mísseis de cruzeiro contra infraestrutura crítica. Segundo a Força Aérea Ucraniana, o ataque russo consistiu em 67 mísseis de diversos tipos e 194 UAVs de ataque e drones isca, incluindo mísseis de cruzeiro Kh-101/Kh-55SM, Kalibr e munições vagantes.

Diante dessa situação, o Instrumento Militar Ucraniano respondeu mobilizando “unidades de mísseis antiaéreos, sistemas de guerra eletrônica e grupos móveis de fogo da Força Aérea e das Forças de Defesa da Ucrânia“.

O comunicado oficial também confirmou que, entre os meios empregados, estavam os caças F-16 e Mirage 2000, marcando a estreia operacional dos aviões de combate transferidos pela França. Além disso, uma série de fotos divulgadas pela Força Aérea da Ucrânia confirmou que um dos deltas interceptou um míssil de cruzeiro Kh-101 durante a operação. Embora não tenham sido fornecidos mais detalhes, as imagens mostram o caça lançando um míssil ar-ar, possivelmente um MBDA MICA, contra o alvo.

Por fim, assim como aconteceu com os caças F-16, incorporados desde agosto do ano passado, é provável que os Mirage 2000-5F ucranianos sejam inicialmente utilizados em missões de cobertura aérea, enquanto o processo de integração avança. Seguindo o exemplo dos Fighting Falcon, que recentemente começaram a ser empregados em operações de ataque terrestre com bombas deslizantes GBU-39, é possível que ainda leve semanas ou meses até que os Mirage 2000 assumam essa função.

Conforme mencionado, entre as atualizações realizadas pela França, estariam melhorias na capacidade de combate ar-terra, permitindo o emprego de armamentos já fornecidos por Paris a Kiev e que estão em uso por aeronaves de origem russa/soviética. Um exemplo disso é o uso de mísseis de cruzeiro SCALP-EG pelos bombardeiros Su-24 e das bombas guiadas AASM Hammer, observadas nos Su-25 e Su-27 – armamentos que deverão ser empregados pelos Mirage 2000 ucranianos em breve.

*Fotografia de capa utilizada apenas para ilustração.

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