A recente apresentação do primeiro caça-bombardeiro F-16 Fighting Falcon da Força Aérea Argentina marcou um marco importante, não apenas por ser um dos muitos passos relevantes para a incorporação do sistema de armas, mas também por abrir espaço para especulações. Isso porque a aeronave nº 25 M-1210, destinada ao treinamento terrestre, foi apresentada armada com duas bombas planadoras Dardo. Essa configuração exibida durante a cerimônia oficial gerou diversas hipóteses sobre esse projeto local, incluindo a possibilidade de sua reativação e eventual integração aos F-16 argentinos.

O F-16BM M-1210, designado para treinamento terrestre, foi apresentado há alguns dias na VI Brigada Aérea em Tandil, província de Buenos Aires. Essa primeira unidade do F-16 da Força Aérea Argentina foi exibida diante de diversas autoridades políticas e militares com uma configuração multirrol, destacando-se, é claro, a presença das já mencionadas bombas planadoras Dardo de design nacional. Vale lembrar que esse projeto voltou a ganhar destaque em novembro do ano passado, quando o IA-63 Pampa III EX-03 do Centro de Ensaios em Voo (CEV) realizou uma série de voos com um exemplar da Dardo, levando à especulação de que o projeto havia sido reiniciado pela Força Aérea.
Como pode ser visto nas imagens, as bombas planadoras Dardo foram montadas em pilones PIDSU (Pylon Integrated Dispensing System Universal), desenvolvidos e produzidos pela empresa dinamarquesa Terma. Esse sistema foi concebido como uma plataforma multifuncional, capaz de acomodar dispensadores de contramedidas, como flares ou chaff, além de receber receptores de alerta de radar (RWR) e sistemas de guerra eletrônica.
As bombas Dardo foram complementadas pelo típico binômio ar-ar do F-16: mísseis de curto alcance AIM-9 Sidewinder e de alcance médio AIM-120 AMRAAM. Nas fotografias, é possível distinguir que os exemplares utilizados para a ocasião correspondem às versões de treinamento, possivelmente as variantes DATM-9 (Dummy Air Training Missile) e DATM-120, que são usadas para capacitar o pessoal de terra em procedimentos de manutenção, carregamento, transporte e armazenamento. “…Todos os componentes são completamente inertes. O míssil não contém componentes elétricos programáveis e não está aprovado para voo…”, detalham documentos oficiais dos EUA.



No âmbito ar-ar, não podemos deixar de mencionar que a Argentina solicitou formalmente aos EUA a autorização para a compra de 36 unidades do míssil ar-ar avançado de médio alcance (AMRAAM) AIM-120 C-8, além de duas seções adicionais de trilhos de lançamento. Vale destacar que a nota oficial da Agência de Cooperação em Segurança da Defesa (DSCA) dos EUA, publicada em outubro de 2024, não incluiu a aquisição de mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder, mas contemplou a compra de armamentos ar-superfície, como bombas Mk-82, espoletas e componentes para as bombas guiadas a laser GBU-12 Paveway II.
Projeto Dardo

O projeto FAS-850 “Dardo” corresponde a uma iniciativa nacional voltada para o desenvolvimento e produção de uma bomba guiada stand-off compatível com alguns dos sistemas de armas da Força Aérea Argentina. Ao longo do projeto, foram concebidas diversas variantes, que incorporaram melhorias com o tempo para aumentar suas capacidades em termos de alcance e precisão.
Embora não tenham sido divulgados oficialmente detalhes sobre a intenção da Força Aérea Argentina de retomar o projeto, o objetivo seria concluir o desenvolvimento da bomba planadora Dardo para integrá-la a alguns dos sistemas de armas da Força, com o IA-63 Pampa III como candidato inicial. Vale ressaltar que os processos de integração de armamentos costumam levar vários anos, incluindo desde testes em solo e em voo até avaliações aéreas de telemetria, incluindo o lançamento de múltiplos exemplares.

Os desafios para incorporar a Dardo ao arsenal dos F-16 argentinos não são poucos: além da necessidade de finalizar seu desenvolvimento, será essencial consolidar a produção em série da bomba planadora para, posteriormente, integrá-la aos F-16. E este último ponto dependerá necessariamente da aprovação dos EUA, um objetivo que apresenta desafios significativos que não são exclusivamente técnicos.
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