Até a presente data, quase três anos após o início da invasão russa em grande escala, as capacidades de defesa aérea das Forças Armadas da Ucrânia são compostas por uma variedade de sistemas antiaéreos de diferentes origens e funcionalidades. Desde o início do conflito, um segmento de sistemas tem atraído a atenção dos especialistas. Em detalhe, trata-se daqueles que combinam sistemas de origem soviética/russa com mísseis ocidentais e vice-versa. Nesse contexto, destaca-se o chamado “FrankenSAM”, que utiliza os mísseis RIM-7 Sea Sparrow lançados a partir da plataforma do sistema Buk-M1 9A310M; enquanto, no segundo caso, recentemente ganhou notoriedade o Gravehawk, desenvolvido pelo Reino Unido, que emprega mísseis ar-ar de origem soviética R-73. Um relatório divulgado pela mídia britânica confirmou que os primeiros dois sistemas de defesa aérea já foram entregues às Forças Armadas Ucranianas.

Após quase três anos de guerra, as Forças Armadas Ucranianas continuam sua transição para a adoção de um grande número de sistemas de combate de origem ocidental. No entanto, apesar das perdas causadas pelo conflito, o país ainda dispõe de reservas significativas de equipamentos herdados da Guerra Fria. Este é o caso dos mísseis ar-ar R-73, utilizados pelos caças Su-27 e MiG-29 da Força Aérea Ucraniana.
Designado como AA-11 Archer pela OTAN, o Vympel R-73 continua em serviço com as Forças Armadas Ucranianas e tem sido adaptado para uso em plataformas de defesa aérea baseadas em terra. Um dos casos mais notáveis surgiu com o projeto “Hornet”, no qual um sistema de defesa aérea 9K33 Osa (código OTAN: SA-8 Gecko) foi modificado para utilizar esses mísseis. Outro exemplo dessa adaptação foi registrado no final do ano passado, quando um drone naval Magura V5 derrubou um helicóptero Mil Mi-8 sobre o Mar Negro com esse míssil.

O caso mais recente vem de um desenvolvimento conjunto entre o Reino Unido e a Dinamarca para aproveitar os estoques ainda abundantes de mísseis R-73 na Ucrânia. Denominado Gravehawk, este sistema de defesa aérea está encapsulado dentro de um contêiner transportado por um caminhão e operado por uma equipe de cinco pessoas. O sistema de lançamento é composto por um lançador duplo compatível com os mísseis Archer.


O Reino Unido destacou que as Forças Armadas Ucranianas já receberam as primeiras duas unidades, presumivelmente protótipos, que estão sendo testadas em condições operacionais de combate. Embora não seja a solução ideal, o sistema tem um custo aproximado de 1 milhão de libras, sendo que metade desse valor é financiado pela Dinamarca. No total, o governo britânico anunciou a transferência de 15 sistemas, informando que o desenvolvimento custou 6 milhões de libras ao longo de um período de 18 meses.
Graças ao relatório mencionado, novos detalhes sobre o sistema também foram revelados. No vídeo que rapidamente viralizou, é possível observar que o contêiner que abriga o sistema de lançamento de mísseis contém um gerador, uma câmera eletro-óptica e infravermelha — presumivelmente montada em um mastro retrátil — e um console de controle remoto conectado ao sistema por meio de um cabo de 50 metros, permitindo que a equipe opere a uma distância segura.
No entanto, apesar desse avanço, diversas fontes indicam que a adaptação do R-73 para uma plataforma terrestre pode afetar o desempenho do míssil, que foi originalmente projetado para ser disparado em outras condições. Mesmo assim, seu uso, aproveitando sua velocidade de Mach 2.5, estaria focado no combate a drones, munições vagantes e mísseis de cruzeiro, reservando os sistemas mais avançados e caros para ameaças aéreas maiores, como caças e mísseis balísticos.




