No decorrer do dia de ontem, relatórios elaborados por Fontes Abertas de Informação (OSINT) revelaram que Israel teria entregue aos EUA pelo menos um de seus lançadores Patriot, juntamente com um lote de 90 mísseis utilizados por esses sistemas. Após um breve período de revisão técnica, os EUA concretizariam a transferência para as Forças Armadas da Ucrânia com o objetivo de fortalecer sua rede de defesa aérea. Por enquanto, trata-se de sistemas oficialmente desativados pela Força Aérea de Israel após mais de 30 anos em serviço, tendo perdido protagonismo frente ao desenvolvimento local de novos sistemas de defesa aérea.

Apresentando alguns detalhes dos mencionados relatórios que indicariam uma transferência já iniciada, após meses de discussões entre representantes dos governos ucraniano, norte-americano e israelense, destaca-se a recente viagem de uma aeronave do tipo C-17 Globemaster III da Força Aérea dos EUA da Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, até a Base Aérea de Nevatim, em Israel, onde permaneceu por cerca de três horas antes de partir em direção ao Aeroporto Internacional de Rzeszow, na Polônia. Este último ponto da jornada não é um dado insignificante, considerando que é um dos principais pontos de entrega de material militar ocidental para a Ucrânia, o que indicaria que os 90 mísseis já teriam sido entregues para uso imediato.
Consultados pelo meio Axios, funcionários israelenses também se manifestaram sob condição de anonimato em favor dessas suposições, detalhando que um sistema Patriot já havia sido entregue aos EUA, embora desconhecessem se a transferência para a Ucrânia já havia sido concluída após a revisão correspondente. A notícia não seria surpreendente, considerando que representantes ucranianos estão, há meses, particularmente desde o anúncio da desativação dessas baterias pela Força Aérea de Israel, defendendo sua transferência com o devido recondicionamento pelos EUA.

Ampliando sobre o assunto, funcionários em Jerusalém afirmaram que o governo atualmente liderado por Benjamin Netanyahu mostrou-se claramente reticente à ideia no início das negociações, alegando temor de que a Rússia considerasse isso uma escalada, decidindo, em consequência, apoiar com mais intensidade o regime iraniano. Somente em novembro passado o governo israelense decidiu prosseguir com a operação, em meio a rumores sobre uma negociação entre o próprio Netanyahu e Volodymyr Zelensky para autorização de peregrinações de judeus ortodoxos ao território ucraniano, assim como uma notificação prévia à Rússia, estabelecendo que as baterias seriam entregues aos EUA e não diretamente à Ucrânia.
Por outro lado, conforme relatado neste mesmo mês, cabe lembrar que, paralelamente, o Knesset (o órgão legislativo unicameral israelense) debate uma potencial transferência de armamentos de origem soviética em posse de suas Forças Armadas para a Ucrânia. Esses armamentos foram apreendidos em operações militares realizadas contra grupos terroristas nos últimos dezoito meses na Faixa de Gaza e no Líbano. Ao contrário da entrega mencionada anteriormente, trataria-se de armamentos destinados principalmente a unidades de infantaria e artilharia, representando cerca de 60% do material apreendido.

Retomando o que foi mencionado inicialmente sobre a substituição das baterias Patriot por outros sistemas de origem local, é importante lembrar que Israel desenvolveu para esse fim seus atuais sistemas Iron Dome, Arrow e David’s Sling, que, juntamente com o apoio de forças aliadas ocidentais, demonstraram sua eficácia ao serem utilizados contra diversos ataques iranianos. Em fevereiro de 2024, as Forças de Defesa de Israel relataram essa eficiência, prevendo a retirada dos sistemas norte-americanos num futuro próximo: “(…) como parte dos processos de eficiência operacional na Força Aérea, decidiu-se que várias baterias do sistema ‘Yahlom’ (Nota do Editor: Patriot) deixarão de ser usadas e seu pessoal passará por uma conversão de várias semanas para operar o sistema de defesa Iron Dome”.
Além disso, somando-se à tendência de desenvolver e adquirir armamentos de defesa aérea baseados em sistemas a laser de alta potência, Israel adjudicou em outubro um contrato de mais de 200 milhões de dólares à Elbit Systems para adquirir seu moderno sistema Iron Beam, que já superou os testes avançados correspondentes na Faixa de Gaza. Trata-se de sistemas capazes de gerar entre 100 e 150 kW de potência graças aos seus dois canhões a laser, característica que o torna especialmente eficaz contra foguetes e mísseis inimigos, apresentando um custo operacional consideravelmente menor em comparação com as soluções atuais baseadas em mísseis.

*Imagens utilizadas a título ilustrativo.
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