A empresa de defesa Airbus está desenvolvendo o novo MQ-72C Logistics Connector para o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC). Em resumo, o Logistics Connector é um drone-helicóptero: um sistema aéreo não tripulado (UAS) autônomo de decolagem e pouso vertical (VTOL) capaz de transportar grandes quantidades de carga; essa capacidade pode ser inestimável para forças armadas que precisem deslocar equipamentos para ambientes contestados ou áreas onde as operações de abastecimento por terra são difíceis. A Zona Militar conversou com Carl Forsling, gerente sênior de Desenvolvimento Comercial da Airbus U.S. Space & Defense, sobre o futuro desse programa e por que as forças armadas latino-americanas deveriam prestar atenção a ele.
O programa ainda está em estágio inicial, mas avança rapidamente: em maio de 2024, o Naval Air Systems Command (NAVAIR) concedeu à Airbus uma Fase I do acordo Other Transaction Authority (OTA) por meio do Naval Aviation Systems Consortium, com base em seu conceito não tripulado UH-72 Logistics Connector, uma variante do helicóptero UH-72 Lakota. Forsling explicou que a Airbus foi selecionada para a aquisição militar por meio de um processo de prototipagem rápida: “o objetivo é desenvolver, em 60 meses ou menos, uma capacidade madura e transformá-la em uma capacidade pronta para ser empregada”.

A Airbus realizou demonstrações recentes e continuará a fazê-las no próximo ano. A primeira demonstração ocorreu em outubro de 2024 na Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais de New River e na Base do Corpo de Fuzileiros Navais de Camp Lejeune. Uma demonstração mais recente ocorreu na Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais de Yuma no mês de maio passado.
Este projeto é uma colaboração conjunta. A Airbus fornece a célula do Logistics Connector, baseada em seu helicóptero H145/UH-72. A empresa trabalha junto com várias companhias de defesa reconhecidas para os sistemas de autonomia e outros equipamentos: L3Harris, Shield AI e Parry Labs. Há alguns meses, o Team Lakota Connector realizou o primeiro voo autônomo de um helicóptero utilizando o pacote de autonomia Hivemind da Shield AI. O teste ocorreu em Grand Prairie, Texas. Um segundo teste autônomo já foi realizado.

Capacidades para múltiplas missões
O Connector foi projetado principalmente para transportar suprimentos em diversos ambientes: de navio para navio, de navio para terra ou para zonas contestadas do campo de batalha. O design básico apresentado em feiras de defesa recentes em Washington D.C. pode ser aberto pelo nariz, pelas laterais ou pela parte traseira, com roletes internos para agilizar o recebimento da carga.
O executivo da Airbus explicou que a plataforma pode transportar “alguns milhares de libras do que se quiser levar ao espaço de batalha”, como munições, alimentos, suprimentos ou até munições de permanência, mísseis e outros sistemas. Forsling contou à ZM que, em uma das demonstrações, “fornecemos uma maquete de carga com a estrutura básica que imita o mecanismo de carga do Lakota, para que os Fuzileiros pudessem praticar o carregamento e descarregamento”.
Forsling também indicou à ZM que a empresa está considerando usos adicionais para o Connector, como busca e salvamento e evacuação médica. Uma frota de Connectors poderia transportar sistemas de comando e controle (C2), ou sensores e radares, melhorando a cobertura de redes e as operações de vigilância, explicou o executivo da Airbus.
“Transportar carga é a força motriz, mas, à medida que a capacidade amadurece, crescerão as oportunidades. Temos o respaldo digital para adotar novas missões que ainda não imaginamos”, afirmou Forsling. “O limite é a criatividade da Marinha, do Corpo de Fuzileiros e do comando operacional”, concluiu.
Uma tecnologia que as forças armadas latino-americanas deveriam acompanhar de perto
Embora a capacidade ainda esteja em fase inicial, Forsling considera que as forças armadas latino-americanas deveriam monitorá-la. A geografia sul-americana é particularmente desafiadora e complexa, com desertos, cadeias montanhosas como os Andes e a selva amazônica; por isso, uma capacidade como a do Connector poderia ajudar no transporte de suprimentos (alimentos, água, equipamentos, munições) para posições avançadas de forma mais rápida e segura do que por rios ou rotas aéreas perigosas.
Forsling explicou que o interesse constante do Exército dos Estados Unidos é fundamental para que esse tipo de capacidade amadureça e os preços diminuam. No entanto, dado que as forças armadas latino-americanas continuam demonstrando interesse na tecnologia de drones (a Força Aérea do Equador lançou recentemente seu próprio esquadrão de drones, enquanto o Exército da Colômbia agora conta com um batalhão de drones), o Logistics Connector poderia ser considerado como um programa de aquisição de longo prazo para a próxima década. “A aplicabilidade da missão é ampla, não apenas para os Fuzileiros dos EUA, a Marinha dos EUA ou as forças dos EUA no Pacífico”, destacou Forsling. As capacidades e possíveis aplicações desse sistema são extensas.
Espera-se que os Fuzileiros Navais dos EUA anunciem em breve uma decisão sobre o futuro do programa. A Airbus mantém a expectativa de que a empresa seja selecionada para continuar desenvolvendo o sistema. “No próximo ano, gostaríamos de começar a realizar modificações importantes na aeronave e entregar uma configuração mais totalmente adaptada à missão”, além da integração de sensores e do controle terrestre, concluiu Forsling.
Você pode se interessar: Apesar da oposição e das dúvidas, os EUA avançarão na venda de caças furtivos F-35 para equipar a Força Aérea da Arábia Saudita




