Embora os atuais esforços estejam voltados para a adoção e incorporação de aviões de combate F-16 e Mirage 2000-5, a Ucrânia está dando os passos iniciais para conformar o que será a aviação de combate do futuro para sua Força Aérea. Diversos acordos alcançados com aliados europeus comprovam isso, como o caso da Suécia pelos caças Gripen E e, mais recentemente, a assinatura de uma Carta de Intenções com a França para a potencial aquisição de até cem (100) caças Dassault Rafale.

Tendo como marco uma visita de Estado a Paris, o presidente Volodymyr Zelenskyy e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, assinaram uma série de acordos para a provisão de diversos equipamentos e sistemas para as Forças Armadas Ucranianas. Entre os documentos assinados na Base Aérea de Vélizy-Villacoublay, destacou-se a assinatura de uma Carta de Intenções para a potencial aquisição de até cem novos caças Dassault Rafale, emulando o que foi feito dias antes na Suécia, onde o mandatário ucraniano assinou um documento similar para a compra de até cento e cinquenta (150) caças Saab Gripen E.
No entanto, como indicado, a aquisição ainda possui em ambos os casos um caráter potencial, pois a Carta de Intenções, como já foi mencionado diversas vezes, não é vinculativa, mas estabelece as bases formais para iniciar uma série de negociações que terão como objetivo finalizar um acordo ou contrato de compra entre as partes envolvidas.

Além dessa particularidade, a decisão da Ucrânia e de seus comandos militares de aprofundar a transição de sua matriz de armamentos não é menor, levando em conta que, apesar da operacionalidade de seus atuais modelos de aviões de combate de origem soviética, como os MiG-29, Su-24, Su-25 e Su-27, estes deverão ser substituídos a médio prazo. Diante desse cenário, embora avance a incorporação dos caças F-16 e Mirage 2000-5 fornecidos pelos aliados europeus, a Força Aérea da Ucrânia já projeta seu futuro, que poderá basear-se em uma frota composta por uma única plataforma multirrol ou por uma combinação mista composta por dois ou mais modelos.
A necessidade também responde a fatores econômicos, já que, além do apoio financeiro recebido da Europa e dos Estados Unidos, a racionalização das linhas de apoio logístico com a adoção de novas plataformas em produção, como é o caso do F-16, Gripen E/F e Rafale, buscaria tornar mais eficiente e eficaz a gestão de recursos.


Além disso, no caso das aeronaves francesas, das quais a Força Aérea Ucraniana opera um número não determinado de Mirage 2000-5, a potencial aquisição do Rafale representaria a transição natural para os pilotos ucranianos.
Declarações oficiais
Por ocasião desse novo passo dado nas relações bilaterais entre França e Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy destacou que a assinatura desses acordos representa um “… momento significativo, verdadeiramente histórico para ambas as nações”, acrescentando que “… permite à Ucrânia adquirir equipamento militar da base industrial e tecnológica de defesa da França, incluindo 100 aviões Rafale F4 até 2035 para a aviação de combate ucraniana, sistemas de defesa aérea SAMP/T, radares de defesa aérea, mísseis ar-ar e bombas aéreas.”
Por sua vez, Macron afirmou: “Mesmo que a paz fosse assinada amanhã, isso ainda seria essencial, porque a garantia dessa paz é um exército ucraniano forte, capaz de manter sua posição. Essas capacidades tornarão isso possível.”
Acordos por novos mísseis de cruzeiro SCALP, mísseis ASTER 30 e bombas guiadas AASM Hammer
Além da Carta de Intenções pelos Rafale F4, os acordos alcançados pela França e pela Ucrânia incluem, para esta última, o recebimento de mais mísseis de cruzeiro SCALP, mísseis antiaéreos ASTER 30 para sistemas de defesa aérea SAMP/T, bem como bombas guiadas AASM Hammer.



Todos esses sistemas de armamento vêm sendo empregados pelas Forças Armadas Ucranianas, que inclusive os integraram em plataformas de origem soviética, como demonstra o emprego dos mísseis SCALP pelos aviões de ataque Su-24 Fencer e das bombas guiadas Hammer nos Su-25 e caças Su-27.
Por fim, também se entende que a Ucrânia avançará na compra de mais sistemas de defesa aérea SAMP/T, dos quais possui um número reduzido transferido pela Itália desde 2023.




