Com o objetivo de fortalecer as capacidades de defesa de suas asas rotativas, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou uma nova fase de avaliação do sistema de autoproteção de seus helicópteros H-36 Caracal. O exercício, desenvolvido na Base Aérea de Santa Cruz, contou com o apoio de caças Northrop F-5M Tiger II e teve como propósito analisar o desempenho dos sistemas de alerta radar e de guerra eletrônica — Radar Warning System (RWS) e Electronic Warfare System (EWS) — frente a ameaças simuladas, elevando assim o nível de preparo das tripulações em cenários operacionais de alta complexidade.
Durante os dias de treinamento, os helicópteros realizaram o lançamento de contramedidas Chaff e Flare em modo semiautomático, sob a supervisão do Instituto de Aplicações Operacionais. Este órgão, subordinado ao Comando de Preparo (COMPREP), tem como missão desenvolver táticas, técnicas e soluções operacionais. Sua atuação é fundamental para garantir a correta configuração da chamada Biblioteca de Missão, onde são programadas as ameaças que permitem calibrar com precisão os sistemas de guerra eletrônica.

O H-36 Caracal, versão brasileira do Airbus H225M, está equipado com um moderno sistema de autodefesa EWS que integra sensores, dispensadores automáticos e algoritmos de detecção para aumentar a sobrevivência da aeronave em ambientes hostis. Este sistema permite identificar radares inimigos, mísseis guiados a laser ou ameaças eletromagnéticas, alertando a tripulação e ativando automaticamente as contramedidas mais adequadas. No exercício, o radar do F-5M foi programado como ameaça simulada, o que permitiu ao helicóptero detectar a radiação hostil e executar a sequência defensiva correspondente.
Segundo o comunicado da Força Aérea Brasileira, o exercício representou um avanço significativo na consolidação da doutrina de emprego de sistemas de guerra eletrônica em aeronaves de transporte e resgate. Os resultados confirmaram a efetividade do RWS e a integração do EWS, elementos fundamentais para garantir a segurança das tripulações em operações reais. Além disso, a prática serviu para validar procedimentos de programação e otimizar a resposta automatizada do sistema diante de diferentes tipos de ameaças.

A próxima etapa de avaliação será realizada na cidade de Natal (RN), onde o sistema EWS do H-36 voltará a ser testado em exercícios conjuntos com o Esquadrão Falcão (1º/8º GAV) e o caça Saab F-39 Gripen, que assumirá o papel de vetor de ameaça. Essas atividades fazem parte de um processo contínuo de validação e aperfeiçoamento das capacidades de guerra eletrônica da FAB, voltado para fortalecer sua doutrina operacional e sua interoperabilidade em cenários de combate contemporâneos.
Vale lembrar que o Brasil consolidou, nos últimos anos, uma robusta infraestrutura nacional para a manutenção e o suporte de sistemas de contramedidas. Em 2023, a Saab anunciou a assinatura de acordos com a Airbus e as Forças Armadas brasileiras para realizar no país a manutenção do sistema IDAS (Integrated Defence Aid Suite), instalado nos helicópteros H225M do Exército, da Marinha e da Força Aérea. Este sistema, desenvolvido pela Saab para detectar ameaças e acionar automaticamente o lançamento de Chaff e Flare, é mantido pelos laboratórios de sensores de São Bernardo do Campo (SP), originalmente criados para oferecer suporte aos caças Gripen.

Imagens utilizadas com caráter ilustrativo.
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