A empresa sueca Saab declarou estar em condições de atender à atual demanda por seus aviões de combate JAS-39 Gripen E, mesmo que seja concretizado um acordo com a Ucrânia para a produção de até 150 caças destinados a equipar sua Força Aérea. A informação foi dada por seu diretor-executivo, Micael Johansson, na última sexta-feira, após a apresentação dos resultados financeiros do terceiro trimestre.
A declaração ocorreu após a assinatura de uma Carta de Intenções entre Suécia e Ucrânia, que prevê a possível exportação de entre 100 e 150 caças Gripen E — o que representaria o maior pedido de aeronaves da história do país escandinavo. Embora o documento seja preliminar e não constitua um contrato de compra, ou seja, não seja vinculativo, ele representa o primeiro passo formal para avançar na cooperação bilateral em matéria de defesa aérea entre os dois países e seus respectivos complexos industriais.

Durante o anúncio, Johansson explicou que a Saab já está aumentando seu ritmo de produção e que atualmente pode fabricar entre 20 e 30 aviões por ano, embora esse número deva dobrar caso o acordo com a Ucrânia seja concretizado. “Não é de forma alguma impossível aumentar drasticamente o ritmo, se for necessário”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters, esclarecendo que ainda não foi assinado nenhum contrato de encomenda.
Ele também indicou que a empresa avalia abrir novos centros de produção fora dos atuais, localizados na Suécia e no Brasil, com a possibilidade de estabelecer parcerias industriais na Ucrânia, em outros países da Europa ou até mesmo no Canadá. No terceiro trimestre, a Saab concretizou a venda de quatro caças Gripen à Tailândia, por um valor de 5,3 bilhões de coroas suecas (aproximadamente 564,12 milhões de dólares).
O Gripen é um caça supersônico monomotor de quarta geração que está em serviço desde 1996 e recebeu múltiplas atualizações, sendo a versão mais moderna a “E” – também denominada NG pela Saab. Analistas do setor o descrevem como uma plataforma sólida e de baixo custo operacional em comparação com aeronaves de quinta geração, como o F-35.

Em relação ao seu desempenho financeiro, a Saab elevou sua previsão de crescimento anual de vendas para um intervalo de 20–24%, impulsionada pelo aumento dos gastos militares globais. O grupo registrou um lucro operacional de 1,37 bilhão de coroas suecas (cerca de 145,5 milhões de dólares), um crescimento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Possível participação do Brasil na produção
Caso a produção em massa dos novos Gripen E seja concretizada, o Brasil poderá desempenhar um papel fundamental dentro do esquema industrial da Saab. A subsidiária Saab do Brasil, localizada em São Bernardo do Campo (São Paulo), atua atualmente como centro de produção e de transferência de tecnologia do programa Gripen E/F para a Força Aérea Brasileira.

Recentemente, a companhia anunciou a abertura de uma segunda linha de montagem, dedicada à fabricação de fuselagens traseiras, o que dobrou a capacidade anual de produção, passando de oito para dezesseis unidades. “A instalação da segunda linha de produção da fuselagem traseira é a prova da excelência alcançada no Brasil. Este marco vai além do contrato de compensação do programa Gripen brasileiro e é resultado direto da transferência de tecnologia que formou profissionais altamente qualificados e capazes de multiplicar conhecimento no país”, explicou Peter Dölling, diretor-geral da Saab Brasil.
Caso seja firmado um eventual contrato com a Ucrânia, essa infraestrutura poderá servir como ponto de apoio logístico e industrial para acelerar a produção dos novos caças Gripen E destinados à Força Aérea Ucraniana.
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