O JS Chōkai, um dos quatro contratorpedeiros de mísseis guiados da classe Kongō da Força Marítima de Autodefesa do Japão, será deslocado para os Estados Unidos no final deste mês para permanecer lá durante um ano. O objetivo principal dessa missão será preparar o navio e sua tripulação para a futura incorporação dos mísseis de cruzeiro Tomahawk, no âmbito do plano japonês para fortalecer suas capacidades de ataque de longo alcance.

Segundo detalhado em um recente comunicado do Ministério da Defesa japonês, o navio permanecerá nos EUA até meados de setembro de 2026, período durante o qual será submetido a diversas modificações estruturais e atualização de sistemas, além do treinamento de sua tripulação, contando com o apoio da Marinha norte-americana. Da mesma forma, o cronograma inclui a realização de testes de tiro em 2026, como parte da preparação necessária para que o JS Chōkai adquira plena capacidade operacional no emprego dos mísseis Tomahawk.
Antes de sua partida em 25 de setembro de 2025, o contratorpedeiro realizou um treinamento com mísseis Tomahawk de prática na Base Naval de Yokosuka com o apoio da Marinha dos Estados Unidos. O exercício teve como propósito familiarizar a tripulação com os procedimentos necessários, verificar sistemas de segurança e validar as estruturas operacionais requeridas para o uso do míssil de cruzeiro.
Incorporação de mísseis Tomahawk
O envio do navio para sua modificação deve ser entendido no contexto da aquisição de mísseis Tomahawk pelo Japão, planejada para o período entre 2025 e 2027, enquanto o país avança em paralelo com o desenvolvimento nacional de capacidade de ataque de longo alcance. Essa decisão responde à necessidade de reforçar sua capacidade de defesa e dissuasão, permitindo interceptar e neutralizar ameaças antes que alcancem os arquipélagos japoneses.
O debate sobre a possível incorporação dos mísseis Tomahawk começou em 2022, quando o Ministério da Defesa japonês avaliou essa opção dentro da revisão de sua Estratégia de Segurança Nacional. A ideia de adicionar armamento de ataque de precisão de longo alcance buscava dotar o país de uma capacidade de dissuasão que até então não possuía.

Um ano mais tarde, em novembro de 2023, o governo dos Estados Unidos autorizou a possível venda de 400 novos mísseis RGM-109E Tomahawk. A autorização emitida pelo Departamento de Estado marcou um ponto de inflexão, já que Washington aceitou transferir a Tóquio um sistema de armas considerado sensível e estratégico, consolidando assim o aprofundamento da aliança bilateral.
Finalmente, em janeiro de 2024, o Japão assinou o acordo definitivo para a compra dos mísseis Tomahawk em suas variantes Block IV e Block V por um custo de USD 1,7 bilhão. Além da transferência do armamento, o contrato contemplou programas de treinamento, assistência técnica e suporte logístico, garantindo que a integração do sistema nos contratorpedeiros AEGIS da Força Marítima de Autodefesa ocorra de maneira gradual e com acompanhamento norte-americano.
Os contratorpedeiros classe Kongō

O JS Chōkai é um dos contratorpedeiros da classe Kongō equipados com o sistema de gerenciamento de combate AEGIS de origem norte-americana, baseado no projeto da classe Arleigh Burke da Marinha dos Estados Unidos. Atualmente, a Força Marítima de Autodefesa conta com quatro unidades que entraram em serviço na década de 1990. Entre suas principais características destacam-se o deslocamento de cerca de 9.500 toneladas, comprimento de 161 metros e boca de 21 metros.
O armamento e os sistemas da classe giram em torno da integração com o sistema de gerenciamento de combate AEGIS e o radar SPY-1D, capaz de rastrear e guiar mísseis contra múltiplos alvos aéreos e de superfície. Além disso, estão equipados com lançadores verticais de mísseis (VLS) Mk 41, que permitem o emprego de mísseis antiaéreos SM-2 e, em algumas unidades, de interceptores antibalísticos SM-3, além de mísseis antinavio Harpoon.
Fotografias utilizadas apenas para fins ilustrativos.
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