O imponente desfile realizado em 3 de setembro em Pequim marcou não apenas o ponto alto das celebrações pelo Dia da Vitória, quando a China celebra a rendição japonesa e o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também constituiu uma demonstração das crescentes capacidades do Exército de Libertação Popular (ELP) em todos os domínios e capacidades militares. Além disso, foi ressaltado que esta foi a primeira ocasião em que o Gigante Asiático exibiu publicamente ao mundo os componentes que formam sua tríade nuclear, baseada no emprego de mísseis balísticos de diversos alcances e tipos, os quais podem ser lançados de terra, mar e ar, transmitindo uma clara mensagem de dissuasão.
No extenso debate sobre o desenvolvimento e o potencial emprego de armamento nuclear, uma coisa deve ser levada em consideração: sua produção não serve de nada se não houver plataformas e capacidades aéreas, terrestres e navais para seu uso e lançamento, a fim de garantir uma clara dissuasão nuclear.

Assim como outras potências ocidentais, a República Popular da China concentra suas capacidades de dissuasão através dos ramos do Exército de Libertação Popular, os quais possuem as plataformas para o lançamento de mísseis balísticos, a saber: a Força Aérea, a Marinha e a Força de Mísseis do ELP, cada uma dedicada ao seu domínio específico.
Graças ao desfile realizado no último 3 de setembro, o ELP exibiu os mísseis que compõem essa tríade nuclear e que são lançados de silos em terra, lançadores móveis, bombardeiros estratégicos e submarinos de mísseis balísticos de propulsão nuclear. A seguir, apresentamos uma breve lista do que foi observado em Pequim dias atrás.
Míssil balístico lançado do ar (ALBM) JL-1
O primeiro elemento da tríade nuclear chinesa a aparecer durante o desfile do Dia da Vitória foi o JL-1 “Jīng Léi-Yī” (que não deve ser confundido com o JL-1 ou Jù Làng-1 de lançamento submarino), tratando-se de um míssil balístico lançado do ar (ALBM, na sigla em inglês).

Fontes chinesas indicaram que sua plataforma de lançamento é o bombardeiro estratégico H-6N em serviço na Força Aérea do ELP, seguindo uma tendência cada vez mais presente nas grandes potências de converter esse tipo de aeronave em meios de lançamento de mísseis de cruzeiro e balísticos. No entanto, não foram divulgadas maiores características e capacidades do sistema através dos meios oficiais e paraoficiais da China.
Míssil de lançamento submarino JL-3
Após a passagem do JL-1 diante do palanque de honra, fez sua aparição o míssil de lançamento submarino JL-3, utilizado como principal armamento nuclear dos submarinos de propulsão nuclear Tipo 094 da Marinha do ELP, bem como, futuramente, de seu sucessor ainda em desenvolvimento, o Tipo 096 (Classe Tang na denominação da OTAN).

Com base nos relatórios conhecidos até o momento, este míssil balístico intercontinental de combustível sólido tem um alcance aproximado de 9.000 quilômetros e é capaz de transportar ogivas do tipo MIRV. Seu primeiro lançamento registrado ocorreu anos atrás, quando foram detectados três disparos de teste em 2018, através do submarino experimental Tipo 032, utilizado pela força como plataforma para avaliação e testes de novas capacidades.
Mísseis de lançamento terrestre DF-31BJ e DF-61

Em seguida, surgiram as plataformas de lançamento móvel de mísseis balísticos empregadas pela Força de Mísseis do Exército de Libertação Popular, portando o DF-31BJ e o novo DF-61.
A presença desses dois mísseis montados em veículos do tipo TEL (Transporter Erector Launcher) de tração 8×8 demonstra, em primeiro lugar, o refinamento ao qual vem sendo submetida a tríade nuclear chinesa. É presumível que o DF-31BJ seja uma versão melhorada do DF-31AG, apresentado em um desfile militar anterior, em 2017.

Por sua vez, a grande novidade foi a apresentação oficial do novo DF-61, que poderia ser uma versão melhorada do DF-41 ou seu sucessor, com um significativo aumento de alcance, que, segundo estimativas ocidentais, estaria em torno de 15.000 quilômetros, além da capacidade de transportar um número maior de ogivas do tipo MIRV, até quatorze, em comparação com as dez de seu antecessor.
Míssil balístico intercontinental DF-5C

Encerrando o desfile terrestre e aéreo, o míssil balístico intercontinental DF-5C, versão mais moderna desse míssil lançado de silos terrestres, fez sua apresentação. Trata-se possivelmente da versão mais avançada desse míssil de segunda geração, de dois estágios, desenvolvido originalmente pela China durante os anos 60 e introduzido em serviço no início dos anos 80.
De combustível líquido, fontes chinesas indicaram sua capacidade de alcançar qualquer ponto do globo, embora sem especificar seu alcance, que, seguindo a evolução e o refinamento de seu design e capacidades, poderia situar-se entre 13.000 e 16.000 quilômetros, ou até mais.

Créditos das fotografias a quem couber.





